Museu das Memórias (In)Possíveis promove evento on-line para lançamento de exposição

Museu das Memórias (In)Possíveis promove evento on-line para lançamento de exposição

“Quando um Livro se Torna Álbum de Família” reúne fotos de Luiz Eduardo Robinson Achutti, feitas a partir de pesquisa na Vila Dique

Correio do Povo

Para Diênnifer (o bebê que aparece na imagem) e seus familiares, os retratos que compõem o livro transformaram-se em fotos de família.

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É neste sábado, às 11h, o evento online de lançamento da exposição “Quando um livro se torna álbum de família”, do Museu das Memórias (In)Possíveis, que será transmitido pela plataforma Sympla. A mostra é resultado da parceria entre a instituição e o fotógrafo Luiz Eduardo Robinson Achutti, que nos anos 1990 fotografou a primeira experiência de coleta seletiva de material reciclável no Brasil para integrá-las em sua dissertação de Mestrado, que teve lugar na Vila Dique, em Porto Alegre. O trabalho deu origem ao livro “Fotoetnografia: um estudo de Antropologia Visual sobre cotidiano, lixo e trabalho”.  Além da exposição, estará disponível para consulta todo o acervo da Coleção Achutti-Vila Dique no site do museu, onde constará 233 fotos, incluindo as do reencontro de Achutti com a Vila Dique, em 2019.

Em 2015, o fotógrafo/antropólogo Achutti recebeu uma mensagem enigmática em sua rede social: "Você tem a minha história!". A mensagem havia sido enviada por uma jovem de 20 anos, até então "desconhecida". Passado um tempo, o contato foi estabelecido, como conta a jovem persistente Diênnifer, retratada por Achutti no colo dos pais enquanto ele registrava imagens do trabalho de coleta de lixo de material reciclado.

“Um dia eu estava em casa e encontrei uma foto da minha avó. Perguntei para meu pai, de onde era aquela foto. Ele disse que era de um livro, que um fotógrafo havia feito. Fui atrás do livro através da internet para comprar. Não encontrei, mas encontrei o nome do autor, que seria o fotógrafo. Procurei seu nome no Google e achei o Facebook. Mandei uma mensagem para o Achutti, solicitando as fotos do livro, pois tinham fotos minhas bebê, da minha mãe, meu avô, minha avó, tios … a família toda! O Achutti me respondeu dizendo que não tinha muita coisa, mas que iria separar o que tinha. E marcamos o encontro. Ele me deu as fotos, o livro de presente e tivemos um lindo encontro na casa do meu avô, com meus tios. Um encontro de memórias afetivas, através das fotos voltamos no tempo, nos reconectamos. Meu avô se emocionou! Foi inesquecível. Valorizo muito esse trabalho, através das fotos feitas pelo Achutti, compreendi a minha história, me reconectei com familiares e reencontrei fotos da minha avó que me fizeram, novamente, relembrar do quanto ela sempre será importante na minha vida! Voltei no passado com as imagens e relembrei do que realmente é importante na vida!”

Para Diênnifer e seus familiares, os retratos que compõem o livro  transformaram-se em fotos de família. Naquela época, ainda não havia celulares com câmeras e  selfies em número infinito. Ser fotografado ou revelar uma foto era um luxo. Diênnifer buscou Achutti mais de duas décadas depois, atualizando um encontro, uma história, uma memória, uma narrativa. Ou fotoetnografia, conceito cunhado pelo fotógrafo quando da elaboração deste trabalho, em que a imagem compõe a narrativa. Muitas histórias e memórias foram lembradas posteriormente ao encontro virtual. Histórias individuais e coletivas que se entrecruzam e que se presentificaram neste trabalho. Memórias que contam muitas vidas: do jovem fotógrafo, de um bebê, de um pai, de uma mãe, de trabalhadores, de uma comunidade, de uma cidade, de um país.

O Museu das Memórias (In)Possíveis, fazendo jus ao seu caráter, acompanhou o reencontro de Achutti com Diênnifer em 2019, razão dessa exposição. Esse (re)encontro não se deu apenas entre os dois, mas com muitos outros que fizeram e começaram a compor outras narrativas e memórias. Diênnifer revelou com seu ato que também tinha a história de Achutti, assim como ela supunha que ele tinha a dela.

Foi com o Museu das Memórias (In)Possíveis que Achutti retornou à Vila Dique, agora em outra localização, e pôde entregar à Diênnifer seu "álbum de família".  Neste encontro, Achutti levou consigo fotos de todos que havia fotografado nos anos 1990 para presenteá-los e fazer novas fotos dentro das fotos. Esse encontro virou um mini documentário feito por Pedro Isaias Lucas e na exposição virtual “Quando um livro se torna álbum de família” do Museu das Memórias (In)Possíveis.

 


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