Na sua 5ª edição, Mostra Ela na Tela busca maior representatividade feminina no cinema

Na sua 5ª edição, Mostra Ela na Tela busca maior representatividade feminina no cinema

Festival começa nesta quinta-feira na Casa de Cultura Mario Quintana

Lou Cardoso

Mostra Ela na Tela ocorre de 24 a 27 de outubro em Porto Alegre

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Porto Alegre tem sido um berço para abrigar festivais de cinemas e as suas variadas temáticas. Fantaspoa e o Cine Esquema Novo são alguns dos exemplos que tem tido êxito em suas últimas edições. Assim como estas organizações, o Mostra Ela Na Tela também tem exibido a sua forma de resistência cultural nas salas de cinemas porto-alegrenses.

Começa nesta quinta-feira, na Casa de Cultura Mario Quintana, a 5ª edição do Mostra Ela na Tela com 240 filmes inscritos, entre produções locais, nacionais e também latino-americanas. Criado em 2015 por Gabriela Burck e Renata Heinz com a intenção de divulgar trabalhos de realizadoras mulheres, o festival tem buscado, a cada ano, apresentar filmes com o máximo de representatividade feminina que existe e que o público desconhece.

"A mostra é uma possibilidade e um espaço de segurança para que a gente possa conversar, se enxergar e contemplar as falas de todos os feminismos", afirmou Isabel Cardoso, uma das organizadoras e produtoras do evento. "Queremos tentar alcançar o máximo de mulheres para tentar entender onde estão estas mulheres, porque eu desconheço mulheres trans que fazem cinema ou dirigem filmes aqui no Rio Grande do Sul." 

Sem qualquer caráter competitivo, o Mostra Ela na Tela tem sido uma janela de exibição de filmes dirigidos e protagonizados por mulheres para propor trocas de experiências e busca de igualdade de gênero no cinema. Este ano, o festival ocorre de 24 a 27 de outubro, na Casa de Cultura Mario Quintana, com sessões de longas e curtas-metragens, além de debates com a participação de cineastas nos três primeiros dias. A programação completa está disponível no site

"Conseguimos alinhar qualidade com representatividade. Este ano estamos tendo uma programação muito diversa, o que não acontecia nos primeiros anos. Vamos ter filmes com representatividade da mulher negra, trans e lésbica, quase todos os dias do evento. Vamos exibir três longas que são importantes para este momento de crise política, em questões sociais e culturais", citou. 

Espaço de fala 

Tendo na equipe Mariani Ferreira, Mariana Fonte, Isabel Cardoso e Clarissa Virmond, O Mostra Ela na Tela é realizado como forma de conscientizar a importância da presença das mulheres seja na frente ou atrás das câmeras. "É um espaço que a gente busca identificação e reflexão para o público feminino e para o masculino. O feminismo tem que ser construído por todo mundo, porque é uma questão cultural", afirmou Isabel.

"A gente só vai conseguir fazer com que as mulheres estejam nas telas se conscientizarmos o público masculino sobre a importância do espaço de fala e a importância das mulheres se verem nas telas, se enxergarem no papel de diretora e se perceberem no 'eu posso fazer isso', que este também é o meu lugar'. No momento em que a gente tem um espaço como este, pode ser uma força para que as mulheres continuem e queiram produzir muito mais filmes." 

Para Isabel, um dos momentos mais emocionantes de cada Mostra é receber o feedback do público. "Acaba sendo um espaço muito rico, de muita troca. As diretoras que participam dos debates são sempre acessíveis e ansiosas, querem conhecer o seu público, entender a reflexão em cima dos seus projetos. Costuma ser positivo", disse.

No entanto, a organizadora espera que a troca continue também nas redes sociais para poder saber se o público está se enxergando nos filmes que estão exibindo: "A gente quer dialogar. Recebemos retornos pessoais dizendo que está bonito e isso acaba sendo motivador para que continuemos fazendo a mostra, porque acaba sendo trabalhoso". 

Desafios 

A Mostra Ela na Tela encara muitos desafios na sua execução, já que o grupo não conta com muitos recursos e é feito de forma independente. Nestes quatro anos, o evento já passou pelas principais salas de cinema de Porto Alegre como a antiga Sala P.F. Gastal, a Cinemateca Capitólio e Sala Redenção.

"Tem programadores e coordenadores de salas em Porto Alegre que são pessoas muito especiais que sempre nos acolhem. Seria muito complicado se perdemos espaços como estes e não ter a oportunidade de expressar o nosso sentimento enquanto classe artística e cultural. Este ano na CCMQ esperamos contemplar um público maior e alcançar outros nichos que não só o público cinéfilo."

Mas apesar das dificuldades, a equipe enxerga que eventos como o Mostra Ela na Tela são um começo para que as mulheres possam cada vez mais ingressarem no audiovisual brasileiro. "Tem várias iniciativas para que o audiovisual tenha uma presença maior de mulheres, então acredito que isto influencie minimamente para que a porcentagem aumente e como tem aumentado. Acho que o mundo digital vem para isso. Grupos no Facebook faz com que a gente se enxergue, saiba quem são as mulheres que fazem direção de fotografia, que fazem som, que escrevem roteiro, que dirigem, que produzem. São caminhos que a gente vai encontrando já que não contamos com instituições que nos apoiem financeiramente para que se tenha audiovisual feito por mulheres." 


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