Novo filme de Marina Person aborda adolescência nos anos 80

Novo filme de Marina Person aborda adolescência nos anos 80

"Califórnia" estreou nesta quinta nos cinemas de Porto Alegre

AE

Longa aborda questões como o HIV e tem trilha embalada por clássicos do período

publicidade

Marina Person começou, em 2004, a fazer as primeiras anotações para o que virou "Califórnia", seu primeiro longa de ficção que estreou nesta quinta-feira, nos cinemas nacionais, incluindo Porto Alegre. "Pegava meu caderninho e ia anotando tudo. Conversava com amigas de escola. Duas foram muito importantes no processo de resgatar histórias que haviam acontecido com a gente, ou com pessoas que conhecíamos." O longa aborda a juventude dos anos 1980 e traz diversas referências musicais da época.

A escolha por um filme sobre a adolescência é um tema antigo que Marina busca abordar e tem motivações pessoais. "A minha foi muito difícil, sofrida. Ao mesmo tempo, foi um período incrível da própria vida brasileira. Havia o movimento por Diretas Já. Com isso e com a promessa de redemocratização, houve uma revitalização da cena rock. Titãs, Paralamas, o rock como protesto. Vivi tudo isso intensamente, e queria que viesse para o filme", revela.

Na história, Clara Gallo interpreta Estela, uma adolescente na típica crise de identidade desta fase da vida. Seu grande ídolo é o tio Carlos, vivido por Caio Blat, um jornalista especialista em música que vive nos Estados Unidos. O sonho da menina é visitá-lo na Califórnia, durante as férias. Entretanto, ele retorna ao Brasil magro, debilitado por consequência de uma doença com a qual a medicina tinha o primeiro contato, a aids.

A resposta ao filme foi positiva, tanto na crítica especializada quanto na popular. Caio Horowicz recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival do Rio, e Clara Gallo foi eleita melhor atriz no Mix Brasil. "Pessoas que viveram os anos 80 vieram me dizer que gostaram. Outros que só ouviram falar também gostaram", afirma. Person ainda destaca que foi fiel a detalhes importantes, como a trilha da época, mas acredita que as questões essenciais da juventude são perenes e não mudam conforme as gerações.

Pessoal, mas não autobiográfico

Há um forte lado pessoal e com inspirações na própria vida da cineasta. "Era louca pelo rock londrino, punk. Amava o Cure. Mas o meu preferido, como o da Estela (protagonista do longa), era o David Bowie. O quarto dela é inspirado no meu quarto. E eu também gostava daquele tipo de garoto por quem ela é atraída no filme. Misteriosos, delicados", revela.

Entretanto, há também experiências ficcionais. Marina destaca que o personagem Carlos não é inspirado em nenhum parente, apenas reflete a questão cultural do período. "Ao mesmo tempo que queríamos a liberdade, e a liberdade do sexo, era preciso puxar o freio de mão.  Nunca tive um tio aidético, só conheci gente que morreu de aids muito tempo depois. A doença era discriminatória, associada à promiscuidade. As pessoas e as famílias tinham vergonha de assumir".

O roteiro de Califórnia ficou pronto entre 2006 e 2007, e então começaram as filmagens. O orçamento ideal era de R$ 3,5 milhões, mas numa primeira etapa, a equipe conseguiu menos que a metade. Em 2012, os produtores, desistiram de tentar arrecadar mais verba. "Adequamos o roteiro ao dinheiro que tínhamos. Queria filmar de qualquer jeito".


Assista ao trailer: 



Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta segunda-feira, dia 29 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895