"O Amor Dá Voltas" e pode nos levar até Notting Hill

"O Amor Dá Voltas" e pode nos levar até Notting Hill

O filme começou a nascer numa viagem de Bernstein à África, para a realização de um documentário sobre Pierre Verger

AE

Cleo, Igor Angelkorte e Juliana Didone fazem parte da produção com encontros e desencontros amorosos

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Quando entrevistou Cleo para o Estadão, no lançamento de "O Amor Dá Voltas", o repórter citou uma cena do longa de Marcos Bernstein. Um diálogo meio safa em que Igor Angelkorte provoca Cleo no bar, como se estivesse empenhado em conquistá-la. O espectador sabe o que Igor ainda não admitiu para ele mesmo, mas está apaixonado por ela. Cleo simplesmente não se lembrava da cena. Como? "O filme foi feito em 2016, há seis anos e eu ainda não vi a versão definitiva", explicou. "Mas se é a cena que estou pensando é bem bacana. A gente sempre dá uma ajustada no texto para ficar mais natural, mas é aquilo que sempre falo. O Marcos escreve bem e a gente só precisa não estragar."

O próprio Bernstein faz a sua avaliação da cena. "Gosto de misturar gêneros, é uma coisa que está na essência do meu trabalho. Busco sempre a simplicidade, a objetividade, mas creio que essa mistura agrega sofisticação. Quando se tem atores como Cleo e Igor, fica melhor ainda." Bernstein coescreveu com João Emanuel Carneiro o roteiro de um dos grandes filmes do cinema brasileiro - Central do Brasil, de Walter Salles, de 1998, 11.º colocado na lista 100 melhores da Abraccine. 

Receita

O diretor e roteirista dá sua receita para principiantes. "Fazer cinema sempre foi difícil no Brasil, mas as condições evoluíram desde que comecei." O que é necessário para quem escreve, e dirige? "Acho que, principalmente, é o olhar para a vida. É a melhor roteirista, a melhor contadora de histórias que existe." O que é desafiador num projeto como "O Amor Dá Voltas"? "É trabalhar com códigos de gênero, mas procurando sempre ir um pouco além, procurando colocar algo pessoal no que poderiam ser só fórmulas."

"O Amor Dá Voltas" começou a nascer numa viagem de Bernstein à África, para a realização de um documentário sobre Pierre Verger. "Lula Buarque era o diretor e estava numa fase de ouvir sempre a mesma música, "Gonna Give Her All The Love I've Got", pelo Marvin Gaye. A música fala de um homem isolado que mantém a sanidade escrevendo cartas de amor à amada. Uma ideia começou a se formar na minha cabeça. O que aconteceria se ele, ao voltar para casa, não tivesse mais a amada. Foi assim que surgiu o Igor, que foi para o Médicos Sem Fronteiras, trocava cartas com a mulher amada e ao voltar descobre que ela se casou com outro."

Mas, e as cartas de amor que ele recebia? "Foi assim que começou a surgir a história de envolvimento do Igor com a personagem da irmã da amada, a Cleo." Bernstein teve referências em "O Amor Dá Voltas"? "Gosto de comédias românticas e tenho minhas preferências. Amo o 'Se Meu Apartamento Falasse', de Billy Wilder, e também, mais recentes, os filmes escritos por Richard Curtis. 'Quatro Casamentos e Um Funeral', 'Um Lugar Chamado Nothing Hill'. São "dramédias", com figuras com as quais o espectador pode se identificar pela humanidade. Foi o que busquei/buscamos com 'O Amor Dá Voltas'."


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