O curioso país das maravilhas de Alice

O curioso país das maravilhas de Alice

Livro de Lewis Carroll completa 150 anos em 2015

Júlia Endress

"Alice no País das Maravilhas" teve mais de 19 adaptações para o cinema

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Publicado em 1865 por Lewis Carroll, pseudônimo do matemático Charles Lutwigde Dodgson, “Alice no País das Maravilhas” completa 150 anos no dia 4 de julho. Explorando o gênero nonsense e o universo fantástico, a obra é uma das mais características da literatura ocidental de todos os tempos, atraindo a atenção de diversas gerações.

Da data de lançamento para cá, muita coisa aconteceu: uma continuação, mais de 100 milhões de cópias vendidas e diversas adaptações para o cinema. Para Robledo Milani, editor do site Papo de Cinema, a história faz sucesso porque mexe com o imaginário e permite distintas análises e percepções. O assunto continuará sendo tratado na edição deste final de semana do Caderno de Sábado, mas, antes disso, você pode conferir algumas das curiosidades que envolvem Alice e seu país das maravilhas.

Quem foi Alice
Para os admiradores da obra, não é nenhuma novidade que a personagem foi inspirada em Alice Liddell, filha do diretor da escola onde Carroll, ou Charles Dodgson, lecionava. Na época, a menina tinha 7 anos e ele 31, o que criou diversas teorias sobre a relação de amizade que mantinham. O certo é que ela se tornou a musa inspiradora do autor, que publicou “Alice no País das Maravilhas” e “Alice Através do Espelho” (1871) para ela. O segundo livro termina, inclusive, com um poema em que as primeiras letras de cada estrofe formam o nome dela.

O grande detalhe é que a Alice da ficção não se parece com a verdadeira. Isso porque o escritor teria passado fotos de outra menina para o ilustrador John Tenniel, responsável pelos desenhos originais. A menina de cabelos longos e loiros seria Mary Hilton Badcock, e Liddell tinha cabelos curtos e pretos.

Do prejuízo ao sucesso
Até antes do lançamento, o clássico se chamava “As Aventuras de Alice embaixo da terra”. Os primeiros dois mil livros publicados em 1865, já com o “País das Maravilhas”, não tiveram boa receptividade. Lewis Carroll, que financiou todo o processo, acabou arcando com um prejuízo de 600 libras esterlinas (cerca de três mil reais). Como o resultado gráfico da obra não agradou o autor e o ilustrador, eles recolheram o que não foi vendido e providenciaram uma reimpressão. Das primeiras cópias, restam hoje apenas 23, que valem verdadeiras fortunas. Em 1998, um exemplar foi vendido por 1,5 milhão de dólares (mais de três milhões de reais).

Até agora, livro original já teve mais de 100 edições e ultrapassou as 100 milhões de cópias vendidas, com traduções para cerca de 97 países.

Adaptações
A primeira vez que “Alice no País das Maravilhas” saiu nas telonas foi em 1903, com um filme mudo, produzido por Percy Stow e Cecil Hepworth. Depois desse, foram mais 18 adaptações para o cinema, sendo duas as mais importantes: a animação clássica da Walt Disney Animation Studios, de 1951, e a versão de Tim Burton, de 2010.

Walt Disney
O desenho animado está intimamente ligado aos gostos pessoais de Walt Disney, que queria que história fosse a primeira a ser lançada pelos seus estúdios. Por uma série de contratempos, envolvendo desde o roteiro até paradas em função da Segunda Guerra Mundial, a produção se arrastou por quase 20 anos. Quando lançado, o filme sofreu com a crítica, mas teve boa bilheteria para a época. A trama mistura elementos dos dois livros inspirados em Alice Liddell, intercalando as situações.

De acordo com Milani, o que chama a atenção na história é que, diferentemente de tantas outras da Disney, Alice não é uma princesa e sua vida não gira em torno de um príncipe. “Ela se rebela e acha a saída para os seus problemas fazendo tudo sozinha, seguindo a sua cabeça. Isso já revela uma coisa que está sendo muita falada hoje, que é a força das personagens femininas. E é incrível termos uma personagem tão antiga e que se mantém sempre com essa característica”, acredita.

Tim Burton
Recente e com um sucesso estrondoso, a adaptação de Tim Burton recria Alice. Como revela Robledo Milani, o cenário também é controverso, pois o filme não teve o apoio da crítica, mas gerou uma bilheteria incrível, atingindo mais de 1 bilhão de dólares. No longa, a personagem volta ao País das Maravilhas já com 19 anos, 13 após sua primeira visita. “A Alice do Tim Burton é muito diferente porque, na verdade, o filme foca mais no segundo livro, 'Através do Espelho'. E isso talvez seja o que causa o estranhamento com a personagem, que é diferente do que o Lewis Carroll escreveu, mas é muito parecida com esse universo 'burtuniano'”, considera.

Milani ainda comenta que Tim Burton fez, assim, uma continuação da história e que deu tão certo não só porque o diretor soube usar todos os efeitos especiais para criar seus personagens, mas porque surgiu no momento em que o cinema de Hollywood precisava se reinventar. “Ele abriu espaço para se trabalhar com personagens já conhecidos, e com os quais nos relacionamos a vida inteira, de uma forma diferente, o que é muito interessante porque gera curiosidade, é quase uma nova história”, conclui.

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