O "funk melody" ganha versão na telona
Estreia nos cinemas "Nosso Sonho", uma cinebiografia da dupla Claudinho e Buchecha
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Chega aos cinemas nesta quinta-feira, dia 21, “Nosso Sonho”, cinebiografia de Claudinho e Buchecha. Os dois jovens da periferia carioca estouraram como artistas no Brasil na década de 1990. Emplacaram várias canções que “grudavam” na mente, como “Só love”, “Fico Assim sem Você”, “Conquista” e “Nosso Sonho”, esta última que dá título ao filme.
Os músicos ficaram conhecidos como a dupla de maior sucesso do gênero “funk melody”. Seu repertório era alegre e dançante, com letras leves e que falavam de amor e mulheres, sem serem vulgares, como infelizmente muitos funkeiros ficam conhecidos. A certa altura do filme, essa opção fica clara quando o personagem Buchecha alerta o colega: “temos de pensar em nosso público infantil”, diz.
Um dos acertos do filme dirigido por Eduardo Albergaria (RJ) é certamente a escolha do elenco. Lucas Penteado interpreta Claudinho e Juan Paiva, Buchecha. Além da semelhança física, os atores conseguiram expressar a energia e a dinâmica dos músicos no palco (as dancinhas poderiam aparecer um pouco mais). Contado a partir do ponto de vista de Buchecha, a história tem momentos com narração em off de Juan Paiva.
A amizade dos dois começou quando crianças em uma comunidade de Niterói (RJ). Anos depois, eles se reencontram na região do complexo do Salgueiro. Buchecha tinha conseguido um emprego de carteira assinada como office boy e Claudinho era vendedor ambulante. O sonho de formar uma dupla musical partiu de Claudinho, que não desistia de convencer o amigo a subir nos palcos.
Buchecha parecia, a princípio, incrédulo. Além disso, Buchecha não tinha um bom exemplo em casa. Seu pai, Souza, interpretado por Nando Cunha, era um compositor frustrado e alcoólatra. Apesar de ter ensinado música ao filho, nos momentos em que estava bêbado tornava-se agressivo e fazia a mãe do rapaz, Dona Etelma (Tatiana Tiburcio), sofrer.
Claudinho era vendedor ambulante e Buchecha office boy antes de se tornarem uma dupla de MCs. Crédito: Angelica Goudinho / Divulgação
Desta forma, o filme mostra que, até alcançarem a fama, os amigos passaram por muitas dificuldades. Baseado em uma história real, o longa-metragem alterna momentos de humor, surpresas e tragédias. Quando a dupla compõe o “Rap Do Salgueiro” e vence um festival, se torna uma febre em bailes e rádios.
Neste ano, a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais fez uma seleção em etapas para escolher o filme que irá representar o Brasil no Oscar 2024. "Nosso Sonho" ficou entre os seis finalistas, perdendo para “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho. Para quem viveu aquele período, o filme vai trazer boas lembranças das músicas que marcaram os anos 1990 até 2002. E para quem não conhecia muito sobre a dupla, terá a chance de entender a razão de seu sucesso.
“Nosso Sonho” é um longa-metragem bem produzido e dirigido, que consegue emanar o espírito carioca no seu melhor sentido, ainda que mostre os perrengues pelos quais os músicos passaram. Ao final do filme, há cenas dos artistas na vida real enquanto passam os créditos na tela, por isso vale a pena não sair correndo do cinema.
Confira o trailer:
