"O futuro da música pertence aos jovens", disse Erasmo Carlos ao Correio do Povo em 2021

"O futuro da música pertence aos jovens", disse Erasmo Carlos ao Correio do Povo em 2021

Em entrevista publicada no Caderno de Sábado, o cantor que morreu nesta terça se referia ao show "O Futuro Pertence à Jovem Guarda"

Luiz Gonzaga Lopes

Erasmo Carlos fez a sua última apresentação em Porto Alegre no dia 27 de novembro de 2021, no Auditório Araújo Vianna

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Na última entrevista concedida ao Correio do Povo, na edição de 27 de novembro de 2021 do Caderno de Sábado, Erasmo Carlos continuava na contramão e por isso na vanguarda. Cantando rock na década de 60 enquanto a maioria torcia o nariz, falando de preservação da natureza enquanto o assunto não era bem visto, combatendo o machismo com “Mulher”, o Tremendão veio a Porto Alegre a última vez em 27 de novembro de 2021 para o show “O Futuro Pertence à Jovem Guarda”, lembrando que o movimento era acusado de não ser totalmente brasileiro, inspirado no rock cantado em inglês, de Elvis a Beatles.

Em recuperação da Covid-19, que o levou a 12 dias na CTI, Erasmo pedia que o público o ajudasse: “Vou estar neste processo difícil. Será o primeiro show desde o início da pandemia, vou sentir as sequelas, vou estar nervoso. Quero que a força que venha do público me ajude a fazer aqueles shows contagiantes que eu sempre fiz, meu irmão.” O cantor e compositor morreu, aos 81 anos, terça-feira, no Rio de Janeiro. 

Erasmo era um visionário da música: “A Jovem Guarda foi também um movimento político. Nós tínhamos nossos ídolos na música, mas não negávamos Lênin e outros líderes sobre os quais líamos e gostávamos muito.” Como um vanguardista, Erasmo lembrou na entrevista que a Jovem Guarda abriu a cabeça dos jovens nos anos 60 e que deveria servir de exemplo nos tempos modernos: “Nós precisamos cuidar das novas gerações, dar um norte a elas, gerar empregos, prover a educação e a saúde. Parece que os governos não estão conseguindo, mas temos que continuar passando a mensagem.” E o amor também não faltava na sua música. “O mundo precisa de amor, ter consciência dele, trabalhar para o bem comum”, observa. Ele acrescentou na entrevista que com a pandemia pôde observar que a união da ciência com o amor fez com que os cientistas chegassem mais rápido a vacinas. “O homem conhece o espaço, mas não pode prescindir do amor para evoluir.”

Sobre o Rio Grande do Sul, Erasmo disse que tinha amizade com Beto Bruno, da Cachorro Grande, com Kleiton & Kledir, Rafael Malenotti e que esteve aqui nos primórdios da carreira, em 1959, na inauguração da TV Piratini, com o grupo vocal Os Shakes. “Porto Alegre sempre foi minha segunda casa. Quando me dizem que fechou show por aí, eu já estou de malas prontas”, disse no papo que tivemos por telefone numa tarde de novembro de 2021. 


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