Obra de Xico Stockinger ganha exposição no Margs

Uma exposição panorâmica da obra de Xico Stockinger (1919-2009) abre nesta quinta-feira, para convidados, às 19h, no Margs (Praça da Alfândega, s/n). "Os Diversos Tempos da Forma", composta de 50 obras do artista, tem curadoria de José Francisco Alves, curador-chefe do museu. Pela primeira vez, estarão expostas todas as obras do artista que pertencem ao acervo do Margs, instituição que foi dirigida por ele por duas vezes. Um primeiro grupo de peças é composto por esculturas modeladas em gesso, resultado direto do aprendizado com Bruno Giorgi. O destaque é uma figura feminina em tamanho natural, vencedora do Festival de Artes Contemporâneas de Porto Alegre em 1960.

Outro grupo constituiu-se de xilogravuras que representam uma fase na qual o artista estava com dificuldades financeiras, transformando-se em prestigiado professor da técnica. Também está se incorporando ao acervo a série de tacos (década 1950), matrizes das xilogravuras e belas peças de madeira entalhada. Os tacos servem, também, para revelar os processos desta arte medieval.

Um outro grupo numeroso no acervo do Margs representa uma retomada da arte social - os homens-gabirus (1995/97) - que denunciou a miséria do povo nordestino. Em bronze fundido, o artista surpreende com representações de pessoas expressando sofrimento, miséria e morte pela fome. Da expressão mais conhecida do artista - o guerreiro em ferro soldado e madeira - integra o acervo uma escultura de 3,4 metros de altura. Realizada em 2006 e doada em 2008, o maior guerreiro que ele confeccionou.

Para esta exposição será utilizado novamente um modelo labiríntico de curadoria, onde as obras não estarão expostas cronologicamente, mas por meio de justaposições de períodos diversos da obra do artista, articulando as obras em relação a um tempo não cronológico, dentro do que a curadoria considerou como sendo "o tempo da forma". Dentro desta perspectiva, a exposição apresenta novas possibilidades associativas, atualizando a singularidade de cada obra diante do tempo presente, independente do período em que tenha sido produzida.