Os 20 anos sem Sabotage, um dos maiores expoentes do rap nacional

Os 20 anos sem Sabotage, um dos maiores expoentes do rap nacional

Em homenagem ao autor de "Rap é Compromisso", o cineasta Ivan 13p fala sobre a importância do rapper ao site do Itaú Cultural

Correio do Povo

Sabotage se tornou conhecido por expoentes do rap e de outros gêneros musicais

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Neste dia 24 de janeiro são completados os 20 anos da morte de um dos maiores expoentes do rap nacional: Sabotage (1973 - 2003). Em homenagem ao autor de "Rap é Compromisso", seu primeiro e único disco, lançado pelo selo independente dos Racionais MC’s em 2001, o cineasta Ivan 13p comenta, em entrevista ao site do Itaú Cultural, a relevância do filho de dona Ivonete, que “era bem recebido em qualquer ambiente que frequentava”, como destaca na conversa.

Sabotage veio ao mundo como Mauro Mateus dos Santos, em 3 de abril 1973, na periferia da zona sul de São Paulo, região que até hoje é um dos maiores berços de rappers da capital paulista. Foi dos irmãos que ganhou o apelido pelo qual se tornou conhecido por expoentes do rap e de outros gêneros musicais. Ele era vanguarda, estava à frente de seu tempo.

Diretor de "Sabotage: Mestre do Canão", Ivan 13p iniciou as entrevistas para o documentário por pessoas ligadas ao universo do rap, mas logo percebeu que o artista extrapolava o universo da música. Como ator, fez papéis pequenos em "O Invasor e Carandiru", ajudando os respectivos diretores, Beto Brant e Héctor Babenco, nos conceitos e linguajar dos filmes. “Percebi que o Sabota não é só rap, ele é respeitado pela galera do samba, do rock, do punk, gravou música com o Sepultura, tinha a intenção de gravar com os Titãs”.

Pai de Tamires, Wanderson e Larissa, ele ia além das margens e delimitações, revelando-se não somente rapper, mas um artista completo, capaz de transitar entre gêneros musicais e artísticos. “O que me fez saber que eu tinha uma história incrível para contar foi o respeito de todas as áreas pelo trabalho dele”, conta Ivan. 

O processo de feitura do filme foi aos poucos revelando camadas desse personagem, levantando, inclusive, sua relação com as comunidades onde viveu – entre o Canão, Vietnam, Piolho e Boqueirão, todas na zona Sul de São Paulo. Quando começou a fazer os filmes, levou muitas pessoas da periferia para fazer figuração. “Ele distribuiu o bolo em várias fatias”, recorda o diretor na conversa.

Essa presença intensa no convívio está também nas composições, que falam diretamente de experiencias vividas por Sabotage. Seu pai tinha problema com bebida, os irmãos se envolveram com o tráfico.

Morreu na manhã do dia 24 de janeiro de 2003, em frente ao número 1877 da avenida Professor Abrão de Morais, no bairro Saúde, perto de sua casa. Segundo testemunhas, Mauro Mateus dos Santos foi abordado por um homem que disparou quatro vezes.

Para Ivan 13p, que começou a trabalhar no projeto do filme, lançado em 2015, no mesmo ano da morte do rapper, “as dificuldades e as problemáticas que ele cantava nas músicas ainda estão presentes”. E complementa: “Como um cronista, ele enxergava muito bem essa realidade, por isso se mantem atual. Vai demorar para a gente escutar e achar que não faz mais sentido. Ele valorizava muito a mulher solteira que cria os filhos. Quantos brasileiros não tiveram uma vida parecida?”.

IC e Sabotage

No site da organização, o público interessado em se aprofundar sobre a vida e obra do rapper encontra uma play list (https://www.itaucultural.org.br/secoes/audios/estereo-saci-especial-sabotage) e um episódio do podcast Toca Brasil com o rapper Celo-x (https://www.itaucultural.org.br/secoes/agenda-cultural/toca-brasil-celo-x) . Em 2018, a biografia oficial do artista, "Sabotage - Um bom lugar", escrita por Toni C., foi lançada na Sala Itaú Cultural com shows e conversa com o autor. 


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