Ospa e convidados apresentam o concerto 'Cinquentenário do Dia da Consciência Negra'

Ospa e convidados apresentam o concerto 'Cinquentenário do Dia da Consciência Negra'

'Porgy and Bess', de Gershwin, está no repertório

A soprano Edna D'Oliveira participa do concerto da Ospa deste sábado

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A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) apresenta um concerto especial neste sábado, 20, o Dia da Consciência Negra, com quatro solistas negros à frente da orquestra: o pianista Marcos Aragoni e os cantores Saulo Javan (baixo-barítono), Edna D'Oliveira (soprano) e Geilson Santos (tenor). A apresentação tem regência do maestro e diretor artístico da Ospa Evandro Matté, e será também a primeira do ano com a participação do Coro Sinfônico da Ospa.

A orquestra se apresenta todos os sábados, às 17h, na Casa da Ospa, com transmissão ao vivo pelo canal da orquestra no YouTube. O ingresso pode ser trocado por 1kg de alimento não perecível. É obrigatória a apresentação de comprovante de vacinação.

Cantores de grande renome na cena lírica brasileira, Saulo, Edna e Geilson interpretarão músicas da ópera “Porgy and Bess”, de George Gershwin. Além deste trio solista, 48 vozes do Coro Sinfônico voltam a cantar presencialmente depois de quase dois anos. Após 18 meses ensaiando à distância, os cantores retomaram os ensaios presenciais em 5 de outubro, seguindo rígidos protocolos e sob a orientação do regente Manfredo Schmiedt. Os cuidados serão mantidos durante a apresentação, quando os cantores usarão máscaras e ocuparão os balcões da Sala Sinfônica ao invés de dividirem o palco com a orquestra. 

Síntese inovadora de técnicas orquestrais, jazz e folclore, a revolucionária ópera “Porgy and Bess” estreou em 1935 em Nova York e obteve sucesso imediato com canções que entraram para o cânone americano como “Summertime”, “A Woman is a Sometime Thing”, “It Ain’t Necessarily So”, "Bess, You Is My Woman Now" e “I Got Plenty o’ Nuttin”. Por insistência de Gershwin, o elenco foi composto apenas de artistas negros. Atualmente, há muito debate em torno da representatividade da obra, que no entanto, foi fundamental para abrir caminho para protagonistas negros nos palcos norte-americanos. 

“É uma obra que traz para a ópera elementos do jazz e do blues, que são dois estilos musicais muito fortes originados na cultura negra”, pontua o maestro Evandro Matté.

A OSPA executa a versão para concerto da ópera (sem elementos teatrais). Nela, a soprano Edna D'Oliveira interpreta as três personagens femininas: Clara, cantando “Summertime”, Serena, na canção “My Man's Gone Now” e Bess, no dueto "Bess, You Is My Woman Now". Edna é uma das mais importantes sopranos líricos do Brasil e mantém projetos ligados à questão racial. “Na pandemia teve muita discussão sobre racismo, mas ainda pouco se fez para criar oportunidades para cantores negros. Ainda é extremamente significativo, num país onde a diversidade tem sido discutida, cantar ‘Porgy and Bess’ no dia 20 de novembro”, comenta a cantora.  

Rivalizando com “Porgy and Bess” pelo posto de “obra-prima” de Gershwin, “Rhapsody in Blue” também será executada pela Ospa. A peça instrumental carrega influências de blues e jazz. A estreia, em 1924, com o próprio compositor ao piano, foi um estrondoso sucesso catapultando Gershwin para a fama mundial. Com arranjo de Ferde Grofé, segue até hoje como uma das obras do século 20 mais executadas por orquestras no mundo inteiro. Para interpretar o solo, a orquestra recebe o músico paulista Marcos Aragoni, atual pianista oficial do Coral Lírico e das óperas do Theatro Municipal de São Paulo. 

“É um prazer poder participar dessa celebração tocando a ‘Rhapsody in blue’, uma peça muito colorida, que nessa versão que faremos une magistralmente a linguagem jazzística à música sinfônica”, afirma Aragoni.

O concerto também terá peças de compositores brasileiros. Começando por “Abertura n. 2“, do carioca Anderson Alves, que também é um dos principais maestros da nova geração brasileira. Em 31 de julho de 2021, Anderson regeu uma apresentação memorável de outra obra sua, “Fantasia para Orquestra Sinfônica” na Casa da Ospa. 

O desfecho será com a versão orquestral de “Felicidade”, do mestre gaúcho Lupicínio Rodrigues, com arranjo de Dhouglas Umabel. Grande clássico do cancioneiro rio-grandense, a canção de 1947 já foi gravada por grandes nomes brasileiros, como Caetano Veloso, Moraes Moreira e Maria Bethânia.

Além disso, duas convidadas especiais, a percussionista, cantora e doutoranda em sociologia Nina Fola e a cantora Loma Pereira, prepararam uma surpresa para o público. 


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