Para ler as histórias de um motorista de aplicativo

Para ler as histórias de um motorista de aplicativo

Cineasta e produtor Cristiano Aquino, Criba, abre financiamento para o livro 'Cruber - Causos de um motorista de aplicativo e outras histórias'

Chico Izidro

Criba e o livro pronto no computador à espera do financiamento coletivo

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O cineasta e produtor de TV Cristiano Aquino, o Criba, se viu sem trabalho no começo da pandemia, em 2020. Após três meses em casa, ajudando os filhos nas aulas on-line, retomou as atividades como motorista de Uber, coisa que já havia feito por dois meses em 2017, quando se cadastrou no aplicativo. Neste trabalho, fazendo entre 25 e 30 viagens (10 horas diárias), ele começou a viver experiências únicas do cotidiano. Sempre ligado às letras, influência do pai, que tinha milhares de livros, criou uma página no Facebook escrevendo crônicas sobre histórias vividas. 

Depois, procurou a editora Débora Peres, da Editora Cinco Gatas, para transformar as experiências em livro. Para lançar a obra, foi sugerido financiamento coletivo pelo Catarse. “A campanha tem um mês, e cheguei a 50% do valor”, destacou. São necessários R$ 13 mil para imprimir 300 exemplares do livro, que já tem nome: “Cruber – Causos de um motorista de aplicativo e outras histórias”. A capa e as ilustrações estão sendo feitas pelo ilustrador Artur Sanfelice Nunes. “Nestas viagens, notei que as pessoas sentem a necessidade de conversar, desabafar. Ainda mais com a pandemia, onde ficaram em casa. Quando saem, precisam falar”, destacou Criba, porto-alegrense de 52 anos, casado e pai de dois filhos adolescentes. “Vi quase de tudo nestes dois anos”, lembrou, como quando atendeu uma profissional da saúde, que após dois plantões seguidos no hospital, entrou no carro, e acabou desmaiando de cansaço. “Tive de ficar em frente à casa dela, a amparando até que recobrasse a consciência”, disse. Também viu pessoas sendo agredidas e ajudou, ameaçando os agressores com seu quase 1,90m e um taco. 
“Também passei perrengues, quando um traficante queria que eu entregasse drogas. Recusei e acabei pagando pedágio para seguir viagem”. Uma vez teve como passageiro um agiota, chamado Pablo, que disse: “Ninguém deve para Pablo de Medellín”. Criba já expulsou duas pessoas racistas por comentários inadequados. “Parei o carro e mandei descer, sem pestanejar”, destacou. Porém houve momentos engraçados, como uma passageira que carregava uma galinha em uma caixa, e o animal escapou, atacando o motorista, que com muito esforço, conseguiu evitar um acidente. Ou quando teve um pedreiro como passageiro. “O cara me deu uma aula de cultura sobre a Marvel e a DC Comics”, espantou-se. “Nada supera os nomes de alguns passageiros. Já transportei a Sunshine, o Eslóte e o Skywalker”, diverte-se Criba, ressaltando que o livro trará histórias inéditas, não publicadas no Facebook. Mais informações pelo site www.catarse.me. 


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