Peça aborda preconceito e reconciliação

Peça aborda preconceito e reconciliação

'A Vela’ traz Herson Capri e Leandro Luna nos papéis de pai e filho


Vera Pinto

Leandro Luna e Herson Capri interpretam filho e pai no espetáculo

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Da obra de Raphael Gama dirigida por Elias Andreato, “A Vela”, espetáculo criado na metade do ano passado no formato on-line, chega a Porto Alegre após uma bem sucedida temporada presencial no Rio de Janeiro. Herson Capri interpreta Gracindo, velho professor que há muito tempo rompeu relações com o filho, quando descobriu sua orientação sexual. E Leandro Luna, que assina a produção com Priscilla Squeff, dá vida a Cadú. As apresentações serão realizadas no Theatro São Pedro (Praça da Matriz, s/nº) nesta sexta e sábado, às 21h, e domingo, a partir das 18h.

Após o falecimento de sua esposa, Gracindo, muito sozinho, decide se mudar para um asilo por conta própria. Prestes a se mudar, precisa empacotar suas coisas e acaba revirando seu passado enquanto a falta de luz o obriga a usar uma vela. Mas quem chega para lhe ajudar é Cadú, expulso de casa há 20 anos, personificado na drag Emma Bovary, que volta para tentar as pazes com o pai e entender as razões de um homem tão culto agir de forma tão violenta. No entanto, a personagem é categórica: ambos terão apenas o tempo da queima da vela para a conversa se resolver, prazo em que surgem diversas revelações.

Para Herson Capri, a peça amplia todos os preconceitos e possibilidades de acolhimento na discussão sobre aceitação das diferenças nas relações familiares. “Neste caso, a questão é a orientação sexual de um filho, mas pode ser aberta a outras situações: preconceito racial, comportamental, social, religioso, ideológico, etc. É muito difícil o meu personagem aceitar que um filho seja bem diferente dele e um filho ter que corresponder à expectativa paterna ou materna. É um assunto bastante intrincado e atual”, afirma. O ator atribui à intransigência do pai, apesar de seu ótimo nível cultural, um preconceito histórico: temos uma sociedade que não aceita novas posturas, que não afetam ninguém. São escolhas que devem ser abraçadas. Cada um tem direito a seguir seu próprio caminho”, diz. 

Para criar o texto, elogiado pelo elenco por seus elementos de delicadeza, poesia e contundência, o autor partiu da dificuldade em dialogar com sua avó, resistente às mudanças que ocorrem no panorama social e no quanto a incompreensão familiar afeta as escolhas de vida das drag queens. A ação se passa em uma casa com poucos móveis e algumas caixas, entre álbuns de fotos, clássicos da literatura, música e poesia, onde os personagens vão revirando o passado para entender o presente e enfrentar o futuro. “A peça fala da relação entre pai e filho, o que por si só já comove muita gente. Fala das diferenças e tudo que temos que superar, em especial na família. Todo mundo sai tocado, com a leveza na consciência de que tudo pode ser resolvido e o amor é a resposta. É muito importante abordar o preconceito e intolerância, e usamos a arte pra isto. Usamos nossa vela para iluminar a consciência das pessoas, para trazer um pouco mais de amor e de resgate das relações familiares e das pessoas que amamos”, declara Leandro Luna. Sua personagem vive da noite, fazendo show de divas de outrora, como Dalva de Oliveira, Barbra Streisand, Doris Day e Cher, na trilha com nomes como Carpenters, o que remete à memória afetiva da plateia.


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