Pedro Herz lança "O Livreiro", uma espécie de biografia pessoal e da Cultura

Pedro Herz lança "O Livreiro", uma espécie de biografia pessoal e da Cultura

Obra será lançada nesta quinta-feira, às 19h

Luiz Gonzaga Lopes

"Procurei ser impessoal no livro, mesmo narrando em primeira pessoa. Gosto do jeito simples. Sou transparente, sem pompas", afirma

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Uma família judia alemã que fugiu do nazismo, que sempre pensava em livros, alugou obras em seu idioma e passou a comercializá-las. Depois vieram CDs, DVDs e outros produtos da modernidade virtual, e o clã comprou a Fnac Brasil e também a Estante Virtual. Esta é a família Herz, capitaneada por Kurt e Eva, que vieram ao Brasil em 1938 para escapar do regime imposto por Hitler. Foi em 1947 que a matriarca comprou 10 best-sellers alemães em uma importadora para alugar a seus compatriotas em São Paulo. Era a Biblioteca Circulante que foi o embrião para o surgimento da Livraria Cultura, em 1969.

Pedro Herz, de 77 anos, filho do casal e atual presidente do Conselho de Administração da Livraria Cultura, Fnac Brasil & Estante Virtual e também apresentador do programa Sala de Visita, no YouTube, escreveu “O Livreiro”, a convite do Cassiano Elek Machado, editor da Planeta. Com 240 páginas o livro traça esta epopeia pelos seus olhos e vivências. A obra será lançada nesta quinta, às 19h, na própria Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Tulio de Rose, 80).

As histórias do livro são saborosas, engenhosas e contam com o jeito simples, conversa ao pé do ouvido, de Pedro, e que conheceu o pai de Anne Frank, em Basel, na Suíça; teve autógrafos memoráveis na Cultura, com arapongas do DOPS, militares e censores circulando pela livraria, como as sessões de Vinicius de Moraes, de “Falso Mendigo”, e de Ignácio de Loyola Brandão, de “Cuba de Fidel: Viagem à Ilha Proibida”, ambos em 1978, ou ainda o período no qual foi editor com a HRM, que publicou nomes como Raduan Nassar, Hilda Hilst e Lygia Fagundes Telles. “Eu mantenho o jeito simples na vida, na escrita do livro, queria contar uma história como quem conversa. Quis falar em primeira pessoa, mas ser impessoal. Eu tenho carro, mas ando de ônibus por São Paulo. O meu princípio é o KISS, não o beijo do inglês, mas a abreviatura de Keep It Simple, Stupid (Conserve a coisa simples, idiota). Preciso ser simples, transparente, e isto também foi para o livro”, explica Pedro

O prefácio da obra é feito pelo psicanalista italiano Contardo Caligaris, que chama Pedro Herz daqueles amigos Kuala Lumpur, aquele que quando acontece algo ruim, um imprevisto, em qualquer lugar do mundo, inclusive em Kuala Lumpur (que Contardo ainda não conhece) você pode ligar e sabe que ele vai te ajudar. “As amizades são outra coisa que aparecem muito no livro e que não tenho como explicar. Contardo é meu melhor amigo, mas os amigos foram se construindo ao longo do tempo. Não foi nada organizado. Fui escoteiro muitos anos. O lema da minha vida veio de lá: ser coerente no pensar e no agir. Minhas ações devem ser coerentes com o que eu penso.”

Para quem gosta da Livraria Cultura, da sua forma de apresentar os livros, das estantes circulares, dos espaços de interação para as crianças, dos vendedores realmente especializados, dos autógrafos sempre concorridos, Pedro Herz conta como isto se sucedeu desde a inauguração da Livraria Cultura no Conjunto Nacional em abril de 1969 até os dias de hoje, quando a rede possui 29 lojas (19 da Cultura e 12 da Fnac Brasil), 5 milhões de clientes e mais de 9 milhões de produtos. Para quem ama os livros, a obra de Pedro Herz é inspiração e deleite. O autor vai além dos livros ao propor reflexões sobre o desafio das tecnologias no mundo empresarial e o futuro da leitura no Brasil.

Sobre os autógrafos, Pedro destaca que não é mérito da livraria o fato de eles serem concorridos e bem-sucedidos na maioria das vezes. “Não é mérito nosso e sim do autor. Os autores nos procuram para reservar data e eu julgo sempre como um reconhecimento daquele que produziu a obra. A iniciativa é dos autores ou editores. Muitas vezes algum autor pede data e já está fechada, mas realmente os autógrafos na Cultura são bem comentados”, afirma.

Com um conceito próprio e particular de livraria, Pedro e sua Cultura receberam o reconhecimento do escritor português e Nobel de Literatura, José Saramago, quando lá esteve: “A última imagem que levamos do Brasil é a de uma bonita livraria, uma catedral de livros, moderna, eficaz, bela. Uma livraria para comprar livros, claro, mas também para desfrutar do espetáculo impressionante de tantos títulos organizados de uma forma tão atrativa, como se não fosse um armazém, como se de uma obra de arte se tratasse. A Livraria Cultura é uma obra de arte”.

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