Pelotas celebra o Festival Internacional Sesc de Música

Pelotas celebra o Festival Internacional Sesc de Música

Evento chega a sua nona edição reafirmando a sua vocação pedagógica e social

Luciana Vicente

Lilian Duarte Ferrari toca eufônio

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Quem passar pela cidade de Pelotas até o próximo dia 25 de janeiro, irá se deparar com jovens instrumentistas oriundos de várias partes do Brasil e do exterior. Eles foram atraídos pela oportunidade de usufruírem de aulas com professores de 14 nacionalidades e de participarem de recitais e concertos, como plateia e protagonistas, durante o 9º Festival Internacional Sesc de Música - em uma edição que se consagra pela fruição cultural e troca de conhecimento, de ideias e de sonhos.

O diretor artístico do festival e regente Evandro Matté destaca que os eixos educacional e social do festival se entrelaçam, pois os cursos são uma oportunidade de qualificar a performance individual e de entrar em contato com outros colegas e professores da Europa e do Brasil, selecionados pela qualidade técnica e pedagógica. Dentro da perspectiva de oportunidades, Matté pontua que o contrabaixista Weslei Felix Ajarda (Canoas), de 19 anos, durante o Festival do ano passado, foi convidado pelo professor italiano Alberto Bocini para estudar na Suíça, na Escola de Música de Genebra. Ajarda está na Europa realizando seus estudos, desde de agosto de 2018.

Durante os 12 dias de festival, 400 estudantes participam de três horas diárias de aula pela manhã e duas horas de prática à tarde. Ao final do evento, eles são solicitados a avaliarem os professores. O que, segundo Matté, é um fato determinante para o retorno de um professor, dentro de uma renovação sistemático do quadro de mestres. Os alunos são incentivados a fazer parte dos recitais e do grande concerto final e a conferir as apresentações de artistas convidados executando repertórios diferenciados.

O diretor artístico observa como algo positivo que, nos últimos anos, os projetos sociais deram a oportunidade para inclusão e diversificação do perfil dos estudantes de música de concerto.

Em sua sétima participação do evento, Albert Khattar, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e colaborador do Instituto Carlos Gomes de Belém, desenvolve uma aula com orientações em grupo e individual. Sua metodologia passa por conversas, exercícios fundamentais e desenvolvimento de temas. Entre seus conselhos está o da importância da leitura de poesia para um instrumentista ter entendimento de métrica, sonoridade e sutilezas, pois cada frase de uma música também conta uma história.

Seu aluno Willian Batista, de 18 anos, está estreando no Festival, mas já deseja retornar no próximo ano. Vindo de Goiânia, ele estuda tuba há sete anos e comenta que está aprendendo muito e tendo ideias novas de como executar uma música com Katthar. O grupo ensaia o Concerto para Tubo, do compositor britânico Ralph Vaughan Williams, para um recital.

Renato de Oliveira Nunes Jr., de Porto Alegre, participa da aula de Tiago Linck, trompetista do Conservatório Pablo Komlós. Com colegas vindos do Paraná, Goiânia, São Paulo Recife, Rio Grande e Peru, o jovem instrumentista de 20 anos recebe orientações minuciosas do mestre que qualificam a sua performance. Renato começou a estudar trompete na Banda Marcial Mario Quintana, em Alvorada, e atualmente é aluno do Pablo Komlós.

“A entrada no conservatório foi engraçada, pois eu cheguei em uma leva de alunos de forma clandestina, pois eu não estava matriculado. Durante um mês, estudei e depois expliquei ao professor. Ele ficou espantado e me incentivou a entrar na escola”, relata.

Em 2018, Renato esteve na Bélgica estudando no Brass Studio, com bolsa oferecida pelo trompetista belga Dominique Bodart. Os dois se conheceram em uma masterclass em Porto Alegre. Renato comenta que essa foi uma experiência única na sua vida: “Imagina, um menino que saiu de um bairro pobre e conseguiu ir para Europa estudar”, pontua. Seu projeto agora é buscar especialização na França.

Lilian Duarte Ferrari, de 19 anos, moradora de Alvorada retorna ao festival para integrar as aulas de eufônio de Fernando Deddos, professor da Universidade Federal de Rio Grande do Norte. Mas também, diz ela, para conviver com músicos de várias partes do mundo. Mesmo sem ter um instrumento próprio por causa do valor, cerca de R$ 20 mil, ela não perde o entusiasmo e estuda com um eufônio emprestado. Foi na banda marcial da Escola Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, que teve o primeiro contato com o instrumento.

“Quando o professor disse que o bombardino (eufônio) é a alma da banda e possui um som brilhante, decidi que queria tocá-lo”, lembra. Atualmente, também no Pablo Komlós, Lilian está ansiosa esperando o resultado do Enem para decidir se irá morar em Rio Grande do Norte. Ela escolheu justamente esta universidade para seguir tendo aula com Deddos. 


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