Pesquisa 'O Brasil que Lê' divulga levantamento sobre mediadores

Pesquisa 'O Brasil que Lê' divulga levantamento sobre mediadores

A falta de investimento federal foi uma das conclusões do grupo pesquisador

Alan Bari e turma de Guaíba foi um dos projetos entrevistados

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Foi divulgada nesta quinta-feira, por meio virtual, o resultado da pesquisa "O Brasil que Lê", dedicada a mapear iniciativas em todo o país e a traçar o perfil dos mediadores de leitura, sustentabilidade, tecnologias empregadas e público. O levantamento foi desenhado em 2019 e aplicado em 2020, de forma remota – em consequência dos protocolos sanitários impostos pelo Covid-19 –, pelo Instituto Interdisciplinar de Leitura e pela Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio em conjunto com o Itaú Cultural, com consultoria da JCastilho. Este levantamento inédito registrou projetos de leitura tanto da sociedade civil quanto de gestões públicas. Também traçou um perfil dos mediadores de leitura, origens, sustentabilidade, público e uso de tecnologias utilizado, em grande parte impulsionado para driblar o isolamento social. A  diretora do iiLer/Cátedra Unesco de Leitura PUC-Rio, Gilda Carvalho, explicou a metodologia. Mesmo on-line, o levantamento mapeou 382 ações de 24 estados brasileiros. 

A conclusão é de que se faz necessário um resgate do incentivo à leitura como forma de cidadania. Além de poucos profissionais e voluntários que atuam frente à demanda, também faltam ações de infra-estrutura, como manutenção de bibliotecas e transporte de livros. Para interessados, será realizado, nos dias 8 e 9 de março (terça-feira e quarta-feira), das 14h30min às 16h, o webnário "Balanços e Perspectivas da Pesquisa O Brasil que Lê", baseado nos resultados da pesquisa. A transmissão será feita pela página da instituição no YouTube www.youtube.com/itaucultural.
Os pesquisadores estranharam que projetos conhecidos e de vários anos de execução não haviam respondido o questionário. Telefonemas aos responsáveis esclareceram que acabaram desistindo por não ter recursos para continuar sem apoio. “Muitos chegaram ao limite da resiliência, desanimados e sufocados pela contundência cruel de um governo que não apenas abandonou as políticas públicas de formação de leitores desde 2016, mas que deliberadamente as sufocava, as destruía desde janeiro de 2019”, diz José Castilho, professor, consultor de livro e leitura e consultor na JC Castilho que colaborou na pesquisa. 
Os projetos registrados são oriundos de todos os estados brasileiros, com exceção de Acre, Alagoas e Sergipe, se distribuem pelas capitais e interiores e atendem às mais diversas pesso­as. Estes mediadores atuam em lugares e com públicos diversos, em um esforço contínuo para criar e desenvolver planos de leitura no país. Pelo menos 74% desses empreendimentos são liderados por mulheres na busca de transpor barreiras socioeconômicas e contemplar, principalmente, população desassistida.
Em sua maioria, as atividades são desenvolvidas por pessoas físicas, em um total de 42,15%, e por bibliotecas, 34,03%. Destes mediadores, 60,21% são professores; 53,14% contadores de histórias; 42,41% fazem mediação em eventos culturais, e 31,41% são bibliotecários. Quase a metade, 44,76%, atuam voluntariamente e 39% utilizam recursos próprios para levar adiante os seus projetos. Por um lado, 50,79% deles têm qualificação para a tarefa que desempenham, por outro, 9,42% não têm formação específica. 

Boa parte dos projetos se estabeleceu em instituições – 44,2% em bibliotecas, 42,75% em escolas públicas. Porém, uma significativa parcela atua em espaços não-formais de educação como ruas, praças e hospitais. A ausência de investimento federal ficou evidente também pela descontinuidade ou falta de atenção a programas que já existiam, como o Proler. 


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