PIB da Cultura representa 3,11% das riquezas do Brasil

PIB da Cultura representa 3,11% das riquezas do Brasil

Observatório Itaú Cultural lançou plataforma inédita de mensuração do PIB do setor

Luiz Gonzaga Lopes

Leandro Valiati e Eduardo Saron no lançamento do PIB da Economia da Cultura e Indústrias Criativas

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O Observatório Itaú Cultural lançou, na tarde desta segunda-feira, uma plataforma inédita de mensuração do PIB (Produto Interno Bruto) da Economia da Cultura e Indústrias Criativas (ECIC) no Brasil. O novo indicador aponta que o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no país em 2020, o que equivale a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados pela economia no período. De acordo com os dados do PIB do Observatório Itaú Cultural, em 2020 existiam mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas no país.

Segundo o boletim de mercado de trabalho do Observatório, a cultura e a economia criativa responderam por 7,4 milhões dos empregos formais e informais no Brasil em 2022 (dados do quarto trimestre), o que equivale a 7% do total dos trabalhadores da economia brasileira. O número é 4% maior que o verificado em 2021. Só no ano passado, a cultura e a economia criativa geraram 308,7 mil novos postos de trabalho no país.  

O PIB da Cultura no comparativo com outros setores é maior do que os 2,50% do setor automotivo e um pouco menor do que os 4,06% da construção civil. Neste período delimitado pela plataforma foram 61 bilhões de dólares de exportações líquidas de bens criativos. De acordo com o Observatório do Itaú Cultural, a participação do PIB dos segmentos no país é maior do que o verificado na África do Sul (2,9%), Rússia (2,4%) e México (2,9%).   

Professor e pesquisador Leandro Valiati  Foto: Luiz Gonzaga Lopes / Especial / CP 

“As mensurações e impacto de contexto econômico passaram pela visualização do setor como ativo estratégico e pela produção de massa crítica em três níveis: recorte do setor a partir da produção teórica, cotejo com modelos internacionais e validação com especialistas”, ressalta Leandro Valiati. “Quando a gente oferece esta informação para as políticas públicas e do setor privado que o PIB da Cultura é 3,11% a gente alerta que poderia ir mais além dos commodities, a gente sinaliza que precisa de mais e melhores políticas, é a consciência da sociedade a respeito do nosso setor, estes números trazem isto à tona”, destaca Eduardo Saron.

A metodologia foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores, liderado por Valiati, com a utilização de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e o histórico de prestação de contas da lei Rouanet. Como algumas bases de dados não foram totalmente atualizadas em relação a 2021 e 2022, o primeiro levantamento do PIB da Cultura só conseguiu determinar o valor da geração de riquezas do setor até 2020.   

Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú. Foto: Luiz Gonzaga Lopes / Especial / CP

Para a formulação do modelo foram considerados como indústrias criativas os segmentos de moda, atividades artesanais, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio. 

O levantamento mostra que este PIB vem crescendo de forma mais acelerada que o total da geração de riquezas no país nos últimos anos. De 2012 a 2020, o PIB dos segmentos criativos, em números absolutos, experimentou crescimento de 78%, enquanto a economia total do país avançou 55%. A participação do PIB da ECIC era de 2,72%, em 2012, e saltou para 3,11%, em 2020.  Na análise regionalizada, o PIB da Região Sul do país ficou em 2,6% do PIB da região, enquanto no RS o percentual foi de 1,77%.

O lançamento oficial do PIB da ECIC, foi realizado na Sala Itaú Cultural, em São Paulo, com a presença de Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, e Leandro Valiati, pesquisador da universidade de Manchester e da Queen Mary University no Reino Unido e da Ufrgs, que apresentaram o material em coletiva de imprensa antes do evento. O evento também contou com a participação de Marília Marton, secretária estadual de Cultura e Economia Criativa de São Paulo; Aline Torres, secretária municipal de Cultural de São Paulo; Fabrício Noronha Fernandes, presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura e Secretário Cultura do Espírito Santo; Marcelo Queiroz, deputado federal e presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, e Márcio Tavares, ministro interino da Cultura.


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