Poetisa e atriz Elisa Lucinda apresenta espetáculo “Palavra é Poder” em Porto Alegre

A Semana de Porto Alegre recebe a partir desta quarta atividades culturais gratuitas em comemoração aos 100 anos da Organização Internacional do Trabalho. Os eventos culturais fazem parte do projeto Aprendizando POA, realizado por instituições voltadas à inclusão social de adolescentes em vulnerabilidade, que incluem aprendizagem profissional e outras estratégias de profissionalização. A abertura das atividades será nesta quarta-feira, 18h, no teatro do Bourbon Country (Túlio De Rose, 80, Passo D'Areia), com a inauguração da mostra fotográfica Aprendizando POA, no Átrio, com 25 fotografias do irlandês Jason Lowe. O evento conta com a presença da atriz, poetisa e cantora Elisa Lucinda, que apresenta, a partir das 19h, com o espetáculo “Palavra é Poder”, sob direção de Geovana Pires.

A programação tem o apoio das secretarias da Cultura, Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimento Social e Esporte e a Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul. A realização é do Ministério Público do Trabalho, Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul e Organização Internacional do Trabalho. “Quando falo que a palavra é poder, penso que já foi me ensinada como fundamento. Quando eu era novinha, fui estudar declamação com a professora Maria Filina e esta mulher dizia que não era declamação, era interpretação teatral da poesia. Ela falava que a poesia tem narrador, personagem, cenário. E nosso papel seria trazer a palavra com todos os seus conteúdos para a expressão. Disse para não se preocupar com rimas. Fui educada nesta seara de aprender a ver pelos olhos dos poetas. Tudo para mim tem palavra”, afirma Elisa Lucinda, que publica este ano mais duas obras: “O Livro do Avesso” e “Encontro com a Invenção”

Segundo a atriz, poeta e jornalista, a palavra traz tantos conteúdos que não dá para tentar  perfumar a flor num poema. “Para mim é muito importante a palavra. É a raiz de tudo, raiz do respeito que a sociedade tem por mim. A palavra é para mim rainha. O espetáculo nasceu há uns 3 anos nos CEUs, os Centros Educacionais Unificados de São Paulo. Fizemos 10 apresentações e depois seguimos pelo país e na Europa em países como Espanha e Portugal”, revela Elisa, que apresentou este espetáculo em maio do ano passado no Salão de Atos da Ufrgs, como programação da FestiPoa Literária.

Sobre a Capital, ela só tem algo positivo a falar. “Porto Alegre me trata bem. As pessoas faziam fila para autógrafos dos meus livros quando eu ainda não era conhecida, nos anos 1990, com livros feitos artesanalmente. A educação do Rio Grande do Sul é muito boa. A Feira do Livro tem uma grande importância para a formação intelectual da cidade. É uma das primeiras feiras que fui que é no centro da cidade. O primeiro teatro onde me jogaram rosas numa apresentação foi o Theatro São Pedro”, afirma. 

O projeto Aprendizando POA tem como foco promover a formação profissional a jovens em situação de acolhimento institucional, garantindo a jovens com mais de 18 anos a possibilidade de trilhar um caminho de independência com segurança e dignidade. No desenvolvimento do projeto, outras atividades foram incluídas, como a oficina de poesia – “Versos de Liberdade”, ministrada pela Casa Poema, com Elisa e Geovana Pires. Integram o projeto diversos parceiros como a Escola Técnica Cristo Redentor, Sociedade Educacional Monteiro Lobato, o instituto Maria Dinorah, Associação da Cultura Hip Hop de Esteio, Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores Paulo Freire, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Centro de Estudos, Atendimento e Pesquisa da Infância e da Adolescência e o Programa de Formação de Agentes Públicos, que possibilitaram cursos formativos, de acompanhamento social e de saúde aos jovens. 

Conforme Geovana Pires, a apresentação de‘Palavra é Poder’ será uma festa de comemoração da nossa parceria da Casa Poema com o Ministério Público do Trabalho, com a Organização Internacional do Trabalho, parceria que dura mais de 10 anos. “Tudo que a Elisa vai falar está dentro da aula que a gente dá. É como você dar voz para quem não tem, soltar a voz. As nossas oficinas fazem é mexer por dentro”, destaca Geovana.

Ela conta um exemplo específico do trabalho nas oficinas:  “Aqui em Porto Alegre a gente estava dando aula para uma turma de abrigos, que estavam esperando adoção. Estava dando aula para uma turma de manhã e para outra à tarde durante a semana. Ao final, fizemos um recital e dois irmãos se reencontraram, 12 anos sem se ver. O nosso trabalho é saber o que aconteceu com eles. O trabalho com a poesia tem ramificações com a nossa experiência em cada instituição”, finaliza, agradecendo a parceria das pessoas que acreditaram na transformação por meio da palavra: “Queremos agradecer as parcerias destas pessoas que permitiram que este projeto avançasse nas instituições, a promotora da Infância e Juventude, Cinara Braga, e a procuradora Patrícia Sanfelice, que é a Coordenadora Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente. São nossos pontos de apoio aqui no Rio Grande do Sul”.