Polêmica entre Mike Tyson e streaming prova que dramatizar vida de esportistas é tiro no escuro

Polêmica entre Mike Tyson e streaming prova que dramatizar vida de esportistas é tiro no escuro

Ídolo do boxe dispara contra nova série que estreia, estreia no Star+ dia 25 de agosto, cercada de polêmicas

R7

Trevante Rhodes como Mike Tyson em "Mike: Além de Tyson"

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Eventos da vida real inspiraram muitos filmes esportivos ao longo dos anos. E o que torna um filme de esporte tão bom? Principalmente, o fator “superação”, de preferência retratando a jornada de heróis improváveis, subestimados ou não tão conhecidos do grande público. "Carruagens de Fogo" (1981); "Invictus" (2009); "Maldito Futebol Clube" (2009); "Touro Indomável" (1980); "O Vencedor" (2010); "Rudy" (1993), "Moneyball" (2011), por exemplo, se enquadram nesse quesito. É raro, porém, ver a versão ficcional de um grande ídolo esportivo no cinema. A principal exceção que confirma a regra é "Ali" (2003), com Will Smith, sobre o colossal pugilista Muhammad Ali.

Ao contrário do meio musical — onde a indústria cinematográfica viu sua nova mina de diamantes e lucrou rios de dinheiro nos últimos anos com cinebiografias ‘’chapa-brancas’’ de estrelas como Elvis, Elton John, Freddie Mercury, Aretha Franklin, entre outros, o ramo esportivo, mesmo com histórias e personagens tão fascinantes, não tem atraído a mesma atenção e nem a aprovação de seus ‘’objetos de estudo’’.

Em 2022, a tentativa dos grandes estúdios foi tentar a sorte na televisão, aproveitando a alta do streaming em tempos de pandemia. Nesta quinta-feira, dia 25 de agosto, chega ao Star+ a nova minissérie sobre o ícone do boxe Mike Tyson. Sem dúvidas, um personagem riquíssimo e multifacetado, que acumula triunfos magníficos na carreira e também uma série de polêmicas em sua vida pessoal até os dias atuais. Dentro do ringue foram, oficialmente, 50 vitórias em 58 lutas. Fora dele, chegou a cumprir pena por uma acusação de estupro. E apesar da grande expectativa dos fãs pela produção, o ex-campeão dos pesos-pesados usou seu perfil nas redes sociais para atacar a obra do Hulu. "Não deixe o Hulu te enganar. Eu não apoio a história deles sobre a minha vida. Não é 1822, é 2022. Eles roubaram a minha história de vida e não me pagaram. Eles roubaram a minha história de vida e não me pagaram. Para os executivos do Hulu, eu sou só um negro (ele usa 'n****r' para escrever o termo pejorativo nigger) que eles podem vender num leilão de escravos".

Caso similar aconteceu com a série Lakers: Hora de Vencer, sobre a formação do memorável time dos Los Angeles Lakers na década de 1980. Nenhuma das principais figuras da trama aprovou ou colaborou com a produção. “Todos os personagens são reduzidos a estereótipos como se os roteiristas temessem criar figuras mais complexas para o público. Como resultado, tudo vira um melodrama frenético e sensacionalista”, disse o lendário pivô Kareem Abdul-Jabbar, enquanto Magic Johnson nem se deu ao trabalho de assistir o projeto capitaneado por Adam McKay (A Grande Aposta; Vice; Não Olhe Para Cima!). "Eu não vou assistir (...) Você não pode copiar isso, é muita coisa”, disparou. Um dos principais motivos para a rejeição dos ex-atletas seria de que tais histórias são melhores contadas pelo ponto de vista de quem as viveu na pele, e não dos observadores. Não à toa, estreou na última semana o primeiro capítulo da série documental "Legacy: The True Story of the LA Lakers", este com a devida aprovação dos gênios do basquete. Mike Tyson, por sua vez, também tem um documentário ‘’autorizado’’ a seu respeito: "Tyson" (2008), onde o diretor James Toback confronta-o com seu passado, intercalando imagens de arquivo com uma longa entrevista do ex-boxeador.

Curiosamente, um dos produtores executivos de "Mike: Além de Tyson" é o australiano Craig Gillespie, que dirigiu o ótimo "Eu, Tonya" (2017), drama sobre a polêmica patinadora Tonya Harding, e também esteve envolvido na minissérie "Pam & Tommy" (2022), desaprovada pela modelo Pamela Anderson, cujo relacionamento com o roqueiro Tommy Lee é o foco da narrativa. Quem interpreta Mike Tyson é o jovem Trevante Rhodes, mais conhecido pelo trabalho sutil e contido em Moonlight (2016). Logo após os ataques do lendário pugilista, ele se manifestou nas redes sociais de forma um tanto enigmática. "Eu entendo. Eu sou um fã. Também. Obviamente. Como ‘’Champ’’ (campeão) homenageou o grande Alexandre, O Grande do jeito dele, eu o honro no meu, com minha inteligência, meu coração e meu tempo. Perspectiva é tudo. Perspectiva é tudo. O que é maior que um nome? a educação de uma veia. Nunca em vão. Nunca em vão. Nunca em vão."


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