Porto Alegre segura o Tchan em show nostálgico

Eles misturaram o Brasil com o Egito, loirinhas e moreninhas e fizeram o país inteiro dançar com uma garrafa, um bambolê e uma cordinha na década de 90. Trinta anos depois, a turnê com a formação clássica do É o Tchan comprova que os sucessos estão vivos, mobilizam multidões e fazem todo mundo dançar a mistura única de pagode baiano com pitadas de axé, funk e mais recentemente piseiro.

Na noite desta quinta-feira, um Araújo Vianna completamente lotado e afiado nas históricas e marcantes coreografias demonstrou que o sucesso da banda varreu o Brasil de Norte a Sul e ainda hoje ocupa espaço de destaque na cena artística nacional.

O show começou por volta das 21h, já sob grande expectativa do público animado por um repertório de clássicos do axé. Já era Carnaval em Porto Alegre. No momento em que Beto Jamaica, Compadre Washington, Jacaré e as dançarinas Scheila Carvalho e Sheila Mello surgiram ao som de “Melô do Tchan”, grande sucesso lançado em 1995 quando o grupo ainda se chamavam “Gera Samba”, houve euforia. A canção possui uma coreografia clássica e conhecida por diversas gerações.

A letra, também icônica, goza de uma liberdade poética e artística certamente surpreendente para a sociedade do século XXI, mas que, como se viu na noite desta quinta-feira, aprendeu a se permitir dançar e festejar sem culpa ou necessidade de revisionismo histórico. A menina requebrou sem que qualquer mãe pegasse na cabeça. E não houve ali quem não segurasse o tchan.

Dali para frente, enfileiraram sucesso atrás de sucesso. As Scheilas e Jacaré se alternaram no palco com outros bailarinos, mas o público não diminuiu o entusiasmo e seguiam as coreografias à risca.

Scheila Carvalho voltou ao palco de odalisca e fez a cobra subir. Foi ovacionada pelo público quando Beto Jamaica a bem classificou como a eterna morena do Tchan. Compadre Washington, que ainda se recupera de uma cirurgia, manteve a presença no palco, mesmo impedido de dançar. Em alguns momentos, sentou. Mas não tirou o sorriso do rosto e ficou até o fim do show no palco.

Na clássica dança do bambolê, houve quem levantasse o brinquedo trazido de casa. Mas a plateia também foi presenteada com bambolês jogados pelos bailarinos.

O tom nostálgico percorreu toda a apresentação, seja nas falas emocionadas de Beto Jamaica e Compadre Washington, seja nas projeções de fotos e vídeos do auge da carreira do grupo que na década 90 era presença quase que obrigatória nos programas de auditório da televisão brasileira.

Em um clima de reencontro da turma do terceirão, cada integrante teve exibido fotografias da família e agradeceu o apoio do público. Um a um, foram ovacionados. Sheila Mello aproveitou para perguntar se alguém na plateia em 30 de agosto de 1998 votou nela para a nova loira do Tchan. A resposta foi um uníssono sim.

Sucesso que atravessa gerações

O grupo vendeu em torno de 10 milhões de cópias, sendo 2,7 milhões apenas do álbum É o Tchan do Brasil (1997), que recebeu disco de Diamante Duplo e se tornou um dos 20 mais vendidos da história do Brasil. Ainda hoje, na era do streaming e das dancinhas de TikTok, se mostram atuais, vibrantes e envolventes. No Spotify, É o Tchan soma mais de 1 milhão de ouvintes mensais.

O show em Porto Alegre faz parte da turnê comemorativa de 30 anos do grupo, que começou em 2023 e seguirá neste ano. Também é a oportunidade para muitos fãs assistiram pela primeira vez a uma apresentação ao vivo do grupo.

Amigas Michele, Nara, Débora e Jéssica customizaram camisetas para o show | Foto: Jonathas Costa / Especial / CP

É o caso das amigas Michele Souza, Nara Aline Rosa, Débora Brusch e Jéssica Oliveira. Moradoras de Canoas, elas compraram os ingressos para o primeiro show delas do É o Tchan assim que a bilheteria ficou disponível. "Eles marcaram nossa infância e juventude. Mandamos fazer estas camisetas e ontem ficamos até 1h da manhã customizando", conta, animada e cheia de brilho, Jéssica.