Premiado cineasta Michael Moore lança filme em apoio à Hillary Clinton

Premiado cineasta Michael Moore lança filme em apoio à Hillary Clinton

"Michael Moore in Trumpland" deve ser exibido em 30 cidades americanas e disponibilizado nas plataformas digitais

AFP e Correio do Povo

Entre as atrações da estreia, estava um altar com "O Trump que tudo vê"

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Diretor de documentários com críticas ácidas aos excessos do sistema, Michael Moore surpreendeu o público ao apresentar seu novo filme, "Michael Moore in Trumpland", uma vibrante defesa da candidata democrata Hillary Clinton. Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2004 por "Farenheit 11 de Setembro" e do Oscar de melhor documentário em 2003 por "Tiros em Columbine", o cineasta produziu em caráter de urgência, em apenas 12 dias, o filme, cuja montagem terminoua exatamente três semanas antes da eleição presidencial nos Estados Unidos.

A sinopse oficial do filme explica que o projeto é uma repetição da obra de teatro que Moore esperava apresentar Wilmington, uma pequena cidade de Ohio que fica em um condado onde os eleitores republicanos representam uma grande maioria. “Vem ver o filme que os republicanos do Ohio tentaram impedir. O vencedor do Oscar Michael Moore adiantou-se ao entrar em território hostil, no coração da terra de Trump, com o seu filme arriscado e hilariante, semanas antes de realizarem-se as eleições de 2016”, refere o comunicado sobre a película.

A diretora do teatro em que Moore falaria, Nancy Anderson, disse a que a instituição nunca chegou a um acordo com ele para fazer o espetáculo, porque "havia muitas perguntas à volta da produção". E acrescentou que as perguntas não eram tanto sobre o teor polêmico ou não, mas sobre os curtos prazos entre o pedido do diretor e a estreia. "O teatro temia não conseguir entregar um espetáculo de qualidade ao público", explicou. Numa declaração transmitida ao jornal local "The Columbus Dispatch" e publicada no final de setembro, Anderson afirmou, porém, que a direção do teatro tinha "perguntas" sobre "a potencial polêmica e a possibilidade de problemas do lado de dentro ou do lado de fora" do local.

Enaltecer Hillary, não destruir Trump

Ativista de esquerda, o cineasta escreveu e filmou uma iniciativa pessoal que, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, não tenta demolir Donald Trump e sim humanizar Hillary Clinton, para tentar convencer aqueles que ainda não definiram o voto. Segundo o diretor, o que o levou a agir, foi o temor de ver Hillary Clinton, uma candidata sem apelo popular, não receber o apoio necessário nas urnas no dia da votação. "Quanto mais eu observava os simpatizantes de Hillary em sua dança da vitória como se tudo já tivesse acabado, mais eu pensava: você estão elegendo Donald Trump", disse.

"Ninguém precisa de um filme que mostra que Donald Trump é cheio de merda e um ser humano horrível. Quem assistiria este filme?", afirma o cineasta, que ganhou fama com o documentário "Roger & Eu", de 1989. "Eu queria fazer algo subversivo, algo inesperado", disse. E o resultado é bastante otimista. Ele explica que tem dois alvos com o longa-metragem. O mais evidente os eleitores que pretendem votar no candidato republicano.

Objetivo é alcançar eleitores indecisos

Para provocar uma reflexão, Moore utiliza o humor, mas sobretudo um elemento diferente para aqueles aos quais pede apoio a Hillary Clinton: fala sobre suas origens. Ele nasceu, cresceu e a ainda mora em Michigan, um estado industrial que está entre os mais afetados na área econômica nos Estados Unidos. E que tem um republicano como governador. Ele fala de igual para igual com os decepcionados, os frustrados, aqueles que consideram Donald Trump "um coquetel molotov humano".

Ao invés de perder tempo com explicações sobre como Trump virou um empresário, o cineasta faz um apelo por adesão a uma sociedade mais igualitária, mais justa, com enfoque especial em melhorar as condições de vida das mulheres. Recorda, ainda, a longa batalha das mulheres por emancipação "O que garantiria mais esta evolução, depois da eleição de um presidente negro há oito anos, que a eleição de Hillary Clinton?", questiona.

Com o argumento, ele tenta atingir igualmente aqueles que representam seu segundo objetivo e possivelmente o principal: os abstencionistas, especialmente os seguidores de Bernie Sanders, quem teve seu apoio nas primárias deste ano, e que ainda resistem a apoiar a ex-Secretária de Estado. "Metade do país não vai votar. A intenção é alcançar estas pessoas", recor Moore também atenta para o fato de nunca ter votado em Hillary; em 2008, sua escolha foi Barack Obama. "Acho que sou um mensageiro improvável", ironiza.

Depois da estreia na quarta-feira em uma sala de cinema de Nova Iorque e em outra de Los Angeles, o filme deve ser exibido em 30 cidades americanas e disponibilizado nas plataformas digitais, anunciou o diretor na sessão de estreia. Longe de assinar um cheque em branco à candidata democrata, ele adverte que se Hillary Clinton for eleita e não respeitar seu programa, ele diz estar disposto a ser candidato em 2020.

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