Produtores de "House of Cards" comentam relações da série com o governo Trump
Para Frank Pugliese e Melissa James Gibson, seriado é um alerta para os americanos
publicidade
O quinto ano do seriado teve as gravações realizadas durante o processo eleitoral norte-americano, do qual Trump saiu vencedor. Apenas os episódios 12 e 13 foram gravados depois da eleição do Republicano."Por causa de Trump, a série parece ser mais relevante neste momento. Mas tudo o que acontece nesta temporada já era o que vínhamos falando há bastante tempo. As pessoas podem pensar que adicionamos coisas, como cenas inspiradas nos protestos pós-Trump. Na verdade, filmamos elas antes. Algumas dessas coisas podem parecer novas, mas são coisas que já aconteceram no passado, o que nós percebemos é que poderiam realmente acontecer de novo", diz Pugliese.
Para Gibson, a eleição do magnata foi como "um lembrete de ser corajosa e ousada". "Na noite da eleição, todos nós embalamos e esperávamos que Hillary Clinton ganhasse. Há definitivamente algo bizarro sobre passar o dia inteiro nesses conjuntos que são tão precisos. Qualquer um que tenha passado algum tempo na Casa Branca, que visitou o set, fica meio impressionado com a perfeição dos conjuntos e com a representação perfeita deles", conta. Ela ainda destaca que uma das coisas mais desafiadoras e interessantes foi encontar o verdadeiro campo de batalha, a "psique americana", uma vez que o governo Underwood já hávia advertido: "Nós somos o terror".
Para que todos os detalhes sejam verossímeis, a equipe conta com uma enorme quantidade de pesquisa. "Temos excelentes especialistas e consultores que entram e falam sobre o que pode ser possível. Eles realmente conhecem o que pode acontecer. De certa forma, estamos apenas respondendo ao momento em que vivemos e tentando ver o que poderia ter acontecido ou pode acontecer ou pode estar acontecendo", diz Melissa. "Então, nós apenas examinamos isso um pouco mais perto do que alguém poderia, porque eles não precisam, e surgiram algumas desses enredos", completa a produtora.
Mas há lugares em que a atual temporada vai que a vida real provavelmente ainda não passou, conforme Pugliese. "De certa forma, há algo cauteloso sobre o conto que estamos dizendo - e não estávamos comentando ou respondendo ao momento, estamos apenas tentando contar a história e lidar com o que está em frente", analisa. Sobre as semelhanças de Frank Underwood (Kevin Spacey) e Trump, ele analisa que há uma sofisticação de Francis durante a temporada em relação a seu relacionamento com a mídia, no fato de que ele está tentando manipulá-la". "Como os políticos já fizeram no passado, ele está usando terror e medo de fazer isso", afirma.
"Ambos são um produto do que está acontecendo há vários anos. Mas eles são produtos diferentes disso. Eles são indicativos de algumas coisas que são um pouco preocupantes, que é poder por causa do poder. Isso é preocupante, definitivamente mais quando isso é no mundo real. Os dois fazem qualquer coisa e dizem qualquer coisa pelo poder. E alguém tem que dar uma olhada nisso. Seja como for, seria ótimo se o show levasse o público fazer algumas perguntas sobre o que está acontecendo", completa.
Já Melissa rebate que Frank "é uma criatura do sistema", que surgiu através do sistema, enquanto Trump era um outsider. "Frank é um animal político. Considerando que, obviamente, Donald Trump é um estranho e usa isso com orgulho e está tentando explodir o sistema de fora. Então, eles são opostos dessa maneira. Suas agendas não são exatamente as mesmas", expõe. De acordo com Melissa, mais que uma metáfora da política dos EUA, "House of Cards" é um convite à reflexão. "Vamos ser observadores passivos da Democracia, ou vamos participar? Eu acho inevitável que a série leve o espectador a pensar um pouco sobre isso. A participação dos eleitores é o fator mais importante".