Protagonismo de narrativas indígenas é destaque no Festival de Cinema de Brasília

Protagonismo de narrativas indígenas é destaque no Festival de Cinema de Brasília

“A Invenção do Outro” venceu como Melhor Longa-metragem

Correio do Povo

Filme 'A Invenção do Outro', de Bruno Jorge, venceu como Melhor Longa-metragem

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Protagonismo de narrativas indígenas, pretas e periféricas marcou premiação da 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que ocorreu na noite deste domingo (20). A cerimônia de encerramento distribuiu troféus para filmes que debatem identidades não-hegemônicas.

O júri oficial de longas premiou como Melhor Filme “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge. A obra acompanha a expedição humanitária na Amazônia em busca da etnia isolada dos Korubos, promovida pelo indigenista Bruno Pereira, assassinado ao lado do jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022, durante viagem pelo extremo Oeste do Amazonas. Além de Melhor Longa, a produção levou os Candangos de Melhor Fotografia, Melhor Edição de Som e Melhor Montagem.

Uma coprodução internacional “Ceilândia-Lisboa”, “Mato Seco em Chamas” levou sete Candangos: Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Trilha sonora, Melhor Atriz (dividido entre as protagonistas Lea Alves e Joana Darc), Melhor Atriz Coadjuvante para Andreia Vieira, e Melhor Ator Coadjuvante para o coro de motoqueiros destacados no filme. Quinto longa da carreira de Adirley, a obra distópica explora os impactos da presença de movimentos extremistas em ambientes de periferia.

“Rumo” (DF), de Bruno Victor e Marcus Azevedo, levou o Prêmio Especial do Júri e cativou o Júri Popular, que concedeu ao filme o prêmio de Melhor Longa. Além disso, recebeu o prêmio especial Zózimo Bulbul.  O filme trata da implementação da política de cotas raciais em universidades brasileiras a partir da experiência pioneira da UnB. Carlos Francisco, consagrado em “Marte Um” e “Bacurau”, ganhou seu primeiro Candango de Melhor Ator por “Canção ao Longe”, de Clarissa Campolina.

Entre os curtas, o protagonismo de narrativas negras se repetiu num resultado que premiou “Escasso”, do coletivo carioca Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles) como Melhor Curta pelo Júri Oficial. A dupla levou, também, o prêmio de Melhor Direção, e Clara Anastácia foi consagrada Melhor Atriz. “Escasso” se estrutura como falso documentário a narrar os anseios de uma passeadora profissional de pets em busca da casa própria.

“Calunga Maior”, produção paraibana de Thiago Costa, foi outro grande vencedor do Festival de Brasília, reconhecido por prêmios oficiais e especiais. O filme se inspira na cultura bantu para abordar relacionamentos afetivos e memórias da diáspora africana e levou os Candangos de Melhor Trilha Sonora e de Melhor Montagem, assinada por Edson Lemos Akatoy, laureado também pela montagem de “Nem o mar tem tanta água”, de Mayara Valentim. Além desses, foi lembrado por prêmios especiais.

Na categoria de Melhor Ator, o talentoso protagonista de “Big Bang”, Giovanni Venturini, venceu o Candango. Joana Claude ficou com o prêmio de Melhor Direção de Arte por “Capuchinhos”, de Victor Laet. E “Lugar de Ladson”, de Rogério Borges, venceu três prêmios na categoria: Melhor Edição de Som, para Isadora Maria Torres e Léo Bortolin; Melhor Fotografia, para Yuji Kodato; e Melhor Roteiro, para o próprio diretor. A diretora carioca Pê Moreira levou ainda o prêmio de Melhor Filme de Temática Afirmativa por seu curta “Ave Maria”.

Em 2022, Brasília voltou debater caminhos para o cinema e pautar discussões de linguagem, estéticas e de políticas públicas para o audiovisual brasileiro. Sob a direção artística de Sara Rocha, a volta à sala do Cine Brasília após duas edições virtuais comprovou o anseio das mais de 15 mil pessoas que passaram pelo festival.

A comissão de seleção de longas foi composta por André Dib, Erly Vieira Jr., Rafaella Rezende e Janaina Oliveira; e o júri que selecionou os premiados da edição foi formado por Alice Lanari, Anna Muylaert, Ana Flavia Cavalcanti, Juliano Gomes e Sérgio de Carvalho. Já os curtas foram selecionados por Adriano Garrett, Bethania Maia, Camila Macedo, Flavia Candida, Julia Katharine e Pedro Azevedo; e o júri que premiou os filmes teve em sua composição Camilla Shinoda, Carol Almeida, Dandara Ferreira, Mariana Jaspe e Ulisses Arthur.

A 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro é uma realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF e da OSC Amigos do Futuro, com apoio do Cine Brasília e do Canal Brasil.


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