Rafael Malenotti: “Vou tentar manter o legado dele (Erasmo) enquanto tiver forças”

Rafael Malenotti: “Vou tentar manter o legado dele (Erasmo) enquanto tiver forças”

Vocalista do Acústicos & Valvulados lamenta a morte do Tremendão e exalta o seu legado, lembrando da influência dele na sua carreira e do último encontro no final de 2021

Luiz Gonzaga Lopes

O último encontro de Rafael Malenotti e Erasmo Carlos, antes do show do Tremendão, em 27 de novembro de 2021

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Em 30 de outubro, o cantor Rafael Malenotti, vocalista do Acústicos & Valvulados, conversamos um pouco ainda tentando entender se era verdade ou fake news uma notícia da Folha de S.Paulo que dava como certa a morte de Erasmo Carlos. Naquele dia, Malenotti e eu vibramos quando a assessora do Tremendão, Clarisse Goldberg, me tranquilizou dizendo que foi um erro da Folha e que Erasmo estava bem vivo no hospital Barra D´Or, no Rio de Janeiro. O intéprete que criou um show solo, acompanhado de banda chamado "A Tremenda Noite do Rei" para homenagear Roberto Carlos e Erasmo Carlos e que teve todas as músicas escolhidas aprovadas pela dupla, estava aliviado, mas tinha passado a noite que era de segundo turno das Eleições, chorando e ouvindo os discos de Erasmo e também de Roberto. Eu chamo Malenotti de Rafa, mas Erasmo Carlos o chamava de Cebola, pois na primeira vez em que se encontraram o cantor gaúcho chorou copiosamente.  

Menos de um mês depois, liguei novamente para o Rafael Malenotti e agora havia acontecido. O nosso ídolo Erasmo Carlos morreu nesta terça-feira, aos 81 anos. Perguntei para Rafa qual o grande legado que o Gigante Gentil deixou e ele me respondeu:  “O Erasmo Carlos foi um dos principais responsáveis pela tradução da linguagem do rock inglês, dos Beatles, do Iê, Iê, Iê, e norte-americano para a criação do rock brasileiro, cantado em português, como hoje é conhecido. Ele pavimentou os caminhos das gerações seguintes de roqueiros. Foi com a versão de ‘Minha Fama de Mau’ para o primeiro disco da banda que a Acústicos & Valvulados começou a repensar o seu caminho e a cantar em português".

Rafa Malenotti contou que sentiu muito a morte do ídolo e inspirador, mas que também passou em revista os encontros que teve com o cara que formatou o rock nacional nos anos 1960 para chegar até as gerações atuais. "Eu tive o meu primeiro grande papo com ele, em 2009, com uma hora de entrevista. Existem coisas que ele me falou que eu vou levar para sempre. A nossa última conversa foi na tarde do show dele, em 27 de novembro de 2021, no pátio do Auditório Araújo Vianna. Eu mostrei o cartaz do show "A Tremenda Noite do Rei" para ele e guardo bem o que ele me disse naquela tarde: "Aproveita a tua vida, já que ainda não fez 50 anos, esta tua vitalidade, esta tua vontade de fazer as coisas e conseguir. Minha vida tá difícil. A cabeça está lúcida, mas meu corpo não acompanha mais os comandos. Isto ele me falou e foi fazer a passagem de som, com a excelência do músico profissional que era. Alguns músicos nem passam mais o som. E ele me disse que eu ia chegar aos oitentinha".  

Com "A Tremenda Noite do Rei", álbum com seis músicas lançado em 2022, cujas músicas foram aprovadas por Roberto e Erasmo, Rafael Malenotti que começou a ouvir a dupla com "Guerra dos Meninos" tentar manter o legado de Erasmo, com shows e apresentações para grupos fechados, como foi o caso de um aniversário de 80 anos de um casal no sábado passado. "Os dois estavam completando 80 anos e eu fiquei pensando que eles ouviram as músicas que eu estava cantando na época em que haviam sido lançadas e ainda se emocionavam muito. Como intérprete que sou, quero manter o legado do Erasmo Carlos bem vivo e cantar as versões de suas músicas enquanto eu tiver forças. Acho que será uma maneira de reviver o Erasmo e canções como 'Minha Fama de Mau', "Eu Sou Terrível", "É Preciso Saber Viver", "Sentado à Beira do Caminho" para manter esta história tão bacana que ele construiu", finaliza Rafa. 


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