Rara Babel de Borges ganha exposição em Porto Alegre
Mostra “Sul (In)Finito de Borges”, com obras raras e primeiras edições, abre hoje na Biblioteca Pública do Estado
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Ao terminar um dos seus mais belos contos, “A Biblioteca de Babel”, escrito em Mar Del Plata em 1941 e publicado em “Ficciones” (1944), Jorge Luis Borges parece estar diante de todos os amantes do livro, frequentadores de bibliotecas e livrarias e bibliófilos: “Atrevo-me a insinuar esta solução do antigo problema: A Biblioteca é ilimitada e periódica. Se um eterno viajante a atravessasse em qualquer direção, comprovaria ao fim dos séculos que os mesmos volumes se repetem na mesma desordem (que, reiterada, seria uma ordem: a Ordem). Minha solidão alegra-se com essa elegante esperança”.
Leitor contumaz de Borges, mas também de Cervantes, Proust, Kafka e Joyce, o médico, escritor e atual presidente da Ospa, Gilberto Schwartsmann sempre sonhou a sua biblioteca como uma espécie de paraíso, quase infinito, bem à maneira do intelectual argentino.
A mostra “Babel (In)Finita” com um acervo de obras raras e de primeira edições do médico e bibliófilo gaúcho Gilberto Schwartsmann foi exposta em 2023 na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Esta exposição chega a Porto Alegre, com abertura nesta terça, às 19h, para convidados na Biblioteca Pública do Estado (Riachuelo, 1190), e visitação pública a partir de quarta-feira, dia 10.
“Babel (In) Finita” é uma viagem fascinante pela história da Literatura Ocidental, com primeiras edições e obras raras dos séculos XVI, XVII e XVIII , até os tempos mais recentes, através dos olhares e textos de Jorge Luis Borges. A exposição reúne mais de 300 obras do acervo privado de Schwartsmann, sendo um desdobramento da que foi apresentada em 2023 na Academia Nacional de Medicina e na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.
Em Porto Alegre, a “Babel (In) Finita” adquire a nominação de “Sul (In) Finito de Borges”, a partir de Facundo Sarmiento, com ilustrações de Zorávia Bettiol. A mostra é promovida pela Secretaria de Estado da Cultura, por meio da Biblioteca Pública do Estado e Associação dos Amigos da Biblioteca.
“Decameron” (1520), “Thomas de Aquino” (1577) “Poética”, de Aristóteles (1601), primeiras edições de obras de Franz Kafka, Marcel Proust e James Joyce, edições raríssimas da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri (1866), “As Mil e Uma Noites”, Bíblia Sagrada e “Dom Quixote”, de Cervantes (1862) estão entre as 300 obras expostas. A literatura brasileira tem espaço exclusivo na mostra, com edições raras de Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, entre outros.
Em 18 estantes flexíveis, o visitante verá as principais obras da literatura ocidental, em edições inéditas, em meio a ferramentas de alta tecnologia, utilizada para a exposição. Painéis e vídeos com textos de Jorge Luis Borges compõem a mostra, que traz ainda imagens do mundo borgiano, como tigres, labirintos e espelhos. E, por fim, o visitante recebe uma carta lacrada do curador com algumas informações. “A literatura é uma forma de entender o sofrimento dos outros, saber que somos parecidos e que nossas dores são as mesmas que acompanham os autores desde o começo da escrita”, afirma Schwartsmann.
