Relançamento de "Mein Kampf", de Hitler, gera polêmica

Relançamento de "Mein Kampf", de Hitler, gera polêmica

Livro foi escrito pelo ditador nazista enquanto cumpria pena de prisão

AFP

Livro foi escrito pelo ditador nazista enquanto cumpria uma pena de prisão

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"Mein Kampf" (Minha luta), de Adolf Hitler, um dos livros mais controvertidos da história, poderá ser relançado a partir desta sexta-feira em todo o mundo. A medida gera muita polêmica, mesmo 70 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

O único livro escrito pelo ditador nazista entre 1924 e 1925, enquanto cumpria uma pena de prisão, passará a domínio público no próximo 1º de janeiro, segundo a legislação alemã. Os direitos autorais, portanto, deixarão de existir. Em muitos países, onde já está disponível a obra de propaganda que teoriza sobre a ideologia nacional-socialista e o desejo de eliminar a comunidade judia, o fim dos direitos autorais não mudará quase nada.

O livro já tem uma ampla divulgação em países como Brasil ou Índia. Nos Estados árabes, "Mein Kampf" é encontrado facilmente e, na Turquia, foram vendidas mais de 30 mil cópias desde 2004. Ele não é proibido nos Estados Unidos e alguns países da Europa do Leste começaram a publicá-lo depois do fim do comunismo. Além disso, pode ser encontrado na rede, como em alguns sites salafistas que fazem traduções não autorizadas.

Assunto delicado na Alemanha

Na Europa, o relançamento do livro é um assunto muito delicado, principalmente na Alemanha, onde foram vendidos 12 milhões de exemplares desde 1945. "Com o fim dos direitos autorais, há um grande perigo de ver esse lixo ainda mais disponível no mercado", lamentou o presidente da comunidade judia da Alemanha, Josef Schuster.

O interesse da reedição levantou um debate em que poucos querem participar. Na Alemanha e na Áustria, o texto continuará sendo proibido, mesmo depois de sexta, sob a pena de um processo por incitação ao ódio racial.

O Instituto de Historia Contemporânea de Munique (IFZ) será o primeiro a aproveitar esta oportunidade, em 8 de janeiro, apesar das reticências das autoridades locais, que retiraram um projeto de subvenção. Esta versão crítica, fruto do trabalho de pesquisadores desde 2009, colocará à disposição do público alemã a primeira reedição do texto de Hitler.

A ideia é desconstruir e contextualizar o ideário do nazista, questionando como nasceram suas teses e quais eram seus objetivos. Para o jornalista Sven Felix Kellerhoff, autor de um livro sobre a história de "Mein Kampf", a negativa das autoridades em permitir sua publicação ajuda a transformar o livro num mito. Em Israel, a difusão da obra para um amplo público é um tema tabu e continuará proibida, mesmo após a entrada em domínio público.

Murray Greenfield, fundador da editora Gefen Publishing, especializada na história do judaísmo e cuja esposa sobreviveu ao Holocausto, foi bem claro. "Jamais publicarei este livro, mesmo que paguem por isso".

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