Richard John apresenta a exposição Desenhos Miméticos no V744atelier

Richard John apresenta a exposição Desenhos Miméticos no V744atelier

Artista propõe reflexões sobre as limitações da linguagem e a vida em sociedade

Correio do Povo

Os trabalhos exploram a representação e a cópia como os elementos fundantes da linguagem, tanto visual como escrita

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Richard John inaugura a exposição "Desenhos Miméticos" neste sábado, 17, às 17h, no V744atelier (rua Visconde do Rio Branco, 744), espaço idealizado e coordenado pela artista Vilma Sonaglio. O título da exposição e os trabalhos expostos são o resultado da tese de doutorado de John, chamada "Desenhos Miméticos e A Tirania da Forma”, defendida em 2018. Partindo do antigo conceito grego de mimese, os trabalhos exploram a representação e a cópia como os elementos fundantes da linguagem, tanto visual como escrita.

Richard John participou de várias exposições coletivas a partir do final dos anos 80, dentre as quais se destacam 49° Salão Paranaense (1992), XVI Salão do Jovem Artista (1996) e a mais recente, Próxima Pintura, Pintura Próxima (2022), exposição em homenagem ao colega e artista Gelson Radaelli, com curadoria de Eduardo Veras e Felipe Caldas. "Desenhos Miméticos" é sua terceira exposição individual. As individuais anteriores foram "Cosmogonia" de 1994 (Galeria Espaço Institucional, Casa de Cultura Mario Quintana) e "O Objeto Flutuante" de 2014 (Estúdio Clio).

Sobre a exposição

“O inferno é o outro”, escreveu Sartre. A enigmática frase do famoso filósofo francês resumia, de uma forma um tanto irônica, as diferenças e dificuldades da vida em sociedade. Apontava, também, para questões identitárias e a tendência, muito humana, de projeção no outro. Roland Barthes, outro filósofo francês, tentou algo mais propositivo ao escrever “Como viver juntos?”, um livro de 1977 que traz no título uma pergunta ainda muito atual.

A exposição promete abordar estas e outras questões e é o resultado de uma tese de doutorado e mais de quatro anos de trabalho. O artista, que desde 1988 vem produzindo experimentos entre pintura e desenho, considera que o trabalho é a culminância de suas reflexões desde a década de 80.

"Dizem que um artista sempre circula pelos mesmos temas, como uma forma de obsessão. O fato é que um artista aprofunda suas questões com o benefício do tempo; tudo é somado e levado ao seu desdobramento possível. Tudo isso - tentativa, incerteza, erro, reelaboração, descoberta e redescoberta, avanços e recuos - são as partes constituintes de um processo artístico e é sua somatória que confere consistência ao trabalho", observa John.

Outra série também presente na exposição lida diretamente com a palavra. São os chamados "desenhos escritos". Um desses desenhos traz listado mais de 10 mil nomes e sobrenomes. São amigos, parentes e pessoas conhecidas na sociedade e no meio artístico gaúcho, mas também artistas e filósofos de fama internacional. A ideia é render uma homenagem a cada um deles e, ao mesmo tempo, pensar as relações interpessoais na sociedade. Para o artista, a questão proposta por Barthes continua a nos desafiar: "Como viver juntos?". Com os nomes, lado a lado, temos a impressão de células que formam um tecido e que perdem sua individualidade à distância, formando um todo abstrato.

Dividida entre "desenhos escritos" e "desenhos figurados" a exposição propõe um questionamento, tanto da linguagem escrita quanto desenhada, tratando dos elementos que formam tanto uma alfabetização verbal como visual. "Não podemos esquecer que tanto a palavra como a imagem são elementos de linguagem e representação, como tal elas precisam ser aprendidas e são sujeitas a falhas. Minha ideia é justamente aproveitar estas falhas para encontrar novos sentidos na sua utilização e no nosso entendimento do mundo. Toda vez que se inventa uma nova linguagem se cria um novo mundo, uma nova vida", conclui o artista.

"As linguagens e representações estruturam as relações sociais, culturais, econômicas, ideológicas e elas as reproduzem e as multiplicam. Richard John opera nesse universo de reproduções e de cópias no qual vivemos imersos. Suas obras enfatizam que as representações podem, também, representar a cópia ou os processos envolvidos em sua constituição", escreveu Helio Fervenza, autor do texto de apresentação da exposição.

"Desenhos Miméticos" fica em cartaz até dia 11 de agosto. A visitação acontece de quartas às sextas-feiras, das 14h às 17h.

Richard John (Bom Princípio-RS, Brasil, 1966) é artista plástico e professor. De 2013 a 2018 foi coordenador do Espaço Cultural ESPM, onde organizou exposições individuais de importantes artistas do cenário local e nacional, tais como Mario Röhnelt, Patrício Farias, Helio Fervenza e Maria Ivone Santos, Eduardo Haesbaert, Frantz, Dione Veiga Vieira, entre outros.


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