Rodrigo Santoro brinca com própria imagem em "Golpe Duplo"

Rodrigo Santoro brinca com própria imagem em "Golpe Duplo"

Ator conta como foi contracenar com Will Smith

AE

Filme com Santoro teve a melhor renda do fim de semana

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Pode ser que o espectador que assista a "Golpe Duplo" nem se dê conta, mas toda vez que Will Smith vai fazer sexo com a personagem de Margot Robbie, a câmera invade quartos e acompanha o astro nas preliminares. Tudo sem cortes e de portas abertas. Nunca ninguém se preocupa em fechar a porta para resguardar a intimidade. Os personagens, por acaso, são exibicionistas? Talvez não seja isso, mas outra coisa.

É interessante para o espectador que ainda não viu "Golpe Duplo" e para o que vai ver. Se você está no primeiro grupo, tente lembrar-se. A porta só se fecha bem mais tarde, no relato, depois que Will Smith, como o golpista do ano, dispensa a bela Margot, a quem introduziu - no sexo e no roubo - e reencontra, supostamente como amante de Rodrigo Santoro. A porta aberta é um detalhe de mise-en-scène. Representa alguma coisa sobre a dificuldade de Smith - seu personagem - em seu relacionar.

"Glenn (Ficarra) e John (Requa) são muito inteligentes", disse Rodrigo, numa entrevista no Rio, prévia ao lançamento do filme. "Eles não apenas são cinéfilos, como fazem filmes pensados. Nada é deixado ao acaso. Já havia trabalhado com eles em 'O Vigarista do Ano', formando um par gay com Jim Carrey e foi pena como a própria crítica, pressionada pelas escolhas sexuais dos personagens, não tenha tido olhos para ver como o filme era mais rico que isso. Glenn e John nunca falaram disso que você comenta, mas é o fascínio do cinema. O diretor, o roteirista, nós, atores, todos tentamos direcionar o olhar do público, mas aí o seu olhar propõe alguma coisa que deixa o próprio filme mais complexo."

"Golpe Duplo" teve a melhor renda no fim de semana de estreia nos cinemas brasileiros. Só para comparar, "Superpai", a comédia com Danton Mello, também estreou bem, mas depois estacionou e mal bateu nos 300 mil espectadores. "Golpe Duplo" continuou crescendo, sinal de que o público curtiu a viagem dos diretores Ficarra e Requa.

Nada nem ninguém é o que parece ser em "Golpe Duplo". Quando reencontra a ex-mulher (sempre) amada, Smith planeja um golpe contra Santoro, que atua no circuito automobilístico. O fato de ele ser amante de sua ex acirra a disputa. Só que o filme propõe muitas reviravoltas. Não é por acaso que se chama, no original, "Focus". Como os personagens - como Smith, como Margot -, o público é estimulado a manter o foco. 

Como foi trabalhar com Will Smith? Rodrigo conta - "Ele é muito profissional. Traz uma energia positiva para o set. Já havia trabalhado com os diretores e eles também são humorados. Como consequência, o set foi só alegria." Mas não era fácil acompanhar as improvisações de Smith. "Quando fiz 'O Que Esperar Quando Você Está Esperando' havia o Chris Rock e todos aqueles caras do stand up. Eles estão sempre inventando. Eu entro no espírito, mesmo falando numa língua que não é a minha. Às vezes acerto, às vezes não. O importante é não se intimidar."

Rodrigo fala do narcisismo do personagem. "É muito preocupado com a própria imagem, nesse mundo de celebridades." Ele adorou os tons de cinza dos personagens e a mistura de gêneros do roteiro. "É thriller e comédia, tem suspense. E ninguém é unidimensional." Na época, já se falava dele com Jesus Cristo no remake de "Ben-Hur", por Timur Bekhmambetov. O ator não confirmava, mas surgiram depois suas fotos no set. "Timur é muito inteligente. E o personagem está no imaginário de todo mundo. Independe da religião."

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