Roger Waters privilegia clássicos em noite chuvosa em Porto Alegre

Roger Waters privilegia clássicos em noite chuvosa em Porto Alegre

Show no Beira-Rio foi abreviado por causa de uma forte chuva que caiu a partir da segunda metade da apresentação

Chico Izidro

Roger Waters privilegiou os clássicos em show no Beira-Rio

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Final dos anos 1980. Assisto na tv a transmissão ao vivo de um show do Pink Floyd em Veneza, na Itália. Roger Waters não estava mais na banda, mas mesmo assim eu fiquei pensando que nunca teria a oportunidade de ver ao vivo uma apresentação do grupo que embalou a minha adolescência com seu rock progressivo. Pois na terça-feira, no Beira-Rio, assisti a terceira apresentação do ex-baixista da banda, depois de já o ter visto em 2002 no Olímpico no espetáculo da turnê "In the Flesh" e em 2012 o "The Wall", também no Beira-Rio, além de também ter curtido o guitarrista do Pink Floyd, David Gilmour, na Arena, em 2015. Se não vi a banda no auge, deu para celebrar os shows destes dois músicos fantásticos.

E a apresentação de Waters no Beira-Rio, no oitavo e último show da turnê "?Us + Them?" em terras brasileiras chegou cercada de polêmica, principalmente em São Paulo, onde foi duramente vaiado no Allianz Parque por parte da plateia após classificado de fascista o agora eleito presidente do Brasil Jair Bolsonaro. Em Porto Alegre o político do PSL foi esquecido, mas não faltaram alfinetadas no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamado de porco, e tendo sua imagem projetada no imenso telão atrás do palco.

Veja imagens do show de Roger Waters



O repertório da banda de Roger Waters privilegiou os clássicos saídos dos albuns álbuns "The Dark Side of The Moon" (1973), "Wish You Were Here" (1975), "Animals" (1977) e "The Wall" (1979), mas também deu espaço para seu mais recente trabalho, "Is This the Life We Really Want?", de 2017, cujas músicas tem muito do DNA de "The Dark Side of the Moon" e "Animals".

O momento mais tenso foi quando 12 crianças subiram ao palco para fazer o coro em "Another Brick in the Wall, Part 2", vestidas com casacos laranjas, que foram tirados, por baixo aparecendo camisetas pretas com a palavra "resist". Uma pequena parte da audiência, certamente eleitores de Bolsonaro, vaiou, mas foram abafados pelos gritos de "Ele Não" e aplausos.

Os shows anteriores tiveram cerca de três horas. Mas no Beira-Rio foi abreviado por causa de uma forte chuva que caiu a partir da segunda metade da apresentação. O carismático Waters, com muito vigor aos seus 75 anos de vida, justificou o encerramento por causa da forte chuva que caía e dos raios que riscavam o céu. A finaleira, claro, foi a clássica e emocionante "Confortably Numb", do "The Wall" e seu solo de guitarra magnífico.

Certamente o último show do músico pelo Brasil. Pois provavelmente com Bolsonaro no governo, ele não vai querer pisar aqui pelos próximos quatro anos. E com 79, 80 anos, deverá estar já curtindo a sua aposentadoria no interior da Inglaterra. Quando terminou o show no Beira-Rio, Roger Waters agradeceu a plateia: "Thank you". Eu protesto. "Não, eu que tenho de dizer thank you por sua música marcar muito a minha vida".

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