Rolling Stones se preparam para show gratuito e de proporções inéditas em Cuba

Rolling Stones se preparam para show gratuito e de proporções inéditas em Cuba

"É mais uma porta que se abre em Cuba", diz fã, que lembra da dificuldade de acesso ao rock durante a sua adolescência

AE

Banda chegou em Havana nesta quinta-feira

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Dias depois do encerramento da histórica visita do presidente Barack Obama ao país, os cubanos se preparam para outro evento de proporções inéditas na ilha: o megashow da banda britânica Rolling Stones, ícones do rock, que, durante décadas, foi condenado pelo Partido Comunista como uma influência nefasta do imperialismo. 

O cineasta Eduardo Del Llano, de 53 anos, estará entre as 500 mil pessoas esperadas no concerto desta sexta-feira, que será gratuito. "É mais uma porta que se abre em Cuba", disse Del Llano. Fã dos Stones desde os 15 anos, ele se lembra da dificuldade de acesso ao rock durante a sua adolescência. A música estava censurada em Cuba e era impossível comprar discos dos Stones e de outras bandas condenadas pelo governo.

"Vez ou outra, ouvíamos que o pai de alguém havia voltado do exterior com um álbum e corríamos para copiá-lo em fitas cassetes." A venda legal de CDs de rock ainda é uma raridade em Cuba, mas é possível ter acesso a versões piratas de quase tudo em pequenas lojas, que se multiplicam no país. Além disso, a música antes banida, hoje é tocada em rádios e shows de artistas estrangeiros começam a ser mais frequentes no país.

• Banda divulgou vídeo prometendo show histórico

Há três semanas, centenas de milhares de jovens se reuniram na Tribuna Anti-Imperialista (que fica em frente da Embaixada dos Estados Unidos) para dançar ao som de música eletrônica apresentada por um DJ europeu. Como o dos Stones, o show foi gratuito. Atualmente, a economia é uma restrição maior que a política para a apresentação de bandas estrangeiras em Cuba, onde o salário médio é de 20 dólares mensais.

Luiz Manuel Molina é um dos primeiros roqueiros da ilha e começou a tocar nos anos 1970, quando esse estilo de música era proibido na ilha. "Na época, vivíamos em um mundo underground, com apresentações nas casas das pessoas e em festas privadas", lembrou.

A tolerância ao rock começou a se ampliar no fim dos anos 1980. Agora, Molina está em contagem regressiva para ver os Stones pela primeira vez em um cenário inimaginável em sua juventude: Havana. "Estou muito emocionado. A expectativa é que o concerto marque uma nova era artística em Cuba."

Mas nem todos estão entusiasmados com os Rolling Stones. Gorki Águila, dissidente e integrante da banda de punk "Pornô para Ricardo", acredita que o grupo não deveria ir a Cuba, em protesto contra o regime de partido único. Já que vão, ele gostaria de vê-los criticar o governo de Raúl Castro. Águila passou dois anos na prisão na década passada e uma câmera vigia a entrada do prédio onde vive. Ainda assim, ele pretende estar na plateia desta sexta, se a polícia deixar. "Sinto emoções contraditórias. Quero muito ver os Stones, mas também quero viver em um país onde haja liberdade", acrescentou.

Banda já está em Cuba

Os Rolling Stones chegaram nessa quinta-feira a Cuba. O show não será transmitido pela televisão cubana, mas serão instalados pelo menos sete grandes telões. Calcula-se que meio milhão de pessoas comparecerá ao espetáculo, mas esse número pode chegar a 1 milhão se for contabilizado o público no entorno da Cidade Esportiva, onde acontecerá o evento.  

Trata-se de uma enorme quantidade de pessoas, na medida em que o país tem 11 milhões de habitantes. O show encerra a turnê "América Latina Olé", começou em Santiago do Chile no dia 31 de janeiro.

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