Roqueiro, "bravo" e político, o típico Roger Waters enlouquece Porto Alegre

Roqueiro, "bravo" e político, o típico Roger Waters enlouquece Porto Alegre

Músico fez espetáculo cheio de música, luzes, efeitos especiais e mensagens engajadas na Arena

Matheus Chaparini

Política e rock, especialidade do "velho bravo" Roger Waters

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Se você é uma daquelas pessoas que adora o Pink Floyd, mas não suporta as manifestações políticas de Roger Water, bem, então você pode se retirar e ir ao bar. Era mais ou menos isso o que dizia o texto no telão da Arena, na abertura do show de Roger Waters na noite desta quarta-feira. Ainda antes, quando o telão pedia que os espectadores desligassem os celulares, o público já esperava em êxtase por aquelas palavras.

Antes do espetáculo, o tom das.mensagens políticas era motivo de comentários entre o público na pista. Mas se Roger Waters fala em política e traz seus posicionamentos há décadas, por que agora isso seria pauta? Acontece, com ele isso simplesmente é.

Se o show da turnê "This is not a drill" - a primeira saideira de Waters, como ele mesmo definiu - gerou polêmicas e tretas desde seu anúncio, a mensagem era clara e direta. Vai ter muito rock and roll, vai ter muito clássico, vai ter psicodelia, e vai ter, é claro, um Roger ácido e político. Como sempre foi. E aquilo que prometeu o velho fundador do Pink Floyd, aos 79 anos, entregou. Waters subiu ao palco vestido de médico, carregando uma cadeira de rodas. O show abriu com "Comfortably Numb" e o público já foi à loucura nos primeiros acordes.

Durante mais de duas horas, o músico tocou clássicos do Pink Floyd e da carreira solo. O estádio cantou os refrões mais clássicos e vibrou com o telão. E o velho roqueiro disparou contra toda a opressão e tirania. Logo de começo, os quatro enormes telões trouxeram imagens de violência policial nos Estados Unidos, França, Alemanha, Palestina. No último, o "crime" que justificava os violentos ataques nas imagens era "ser palestino". Muitos gritos do público.

Mais adiante, os presidentes norte-americanos das últimas décadas foram os alvos no telão. O texto sentenciava: criminoso de guerra - e citava as guerras e os mal feitos. Na vez de Joe Biden, "em andamento".

O espetáculo também teve memórias e nostalgia. Em um momento, Waters recordou um show que assistiu com o antigo companheiro de Floyd, Syd Barrett, ainda antes de montarem uma banda. "Wish you were here" veio na sequência.

Em Porto Alegre, o estádio não ficou completamente lotado, é verdade. Nos setores mais caros, via-se cadeiras vazias. Será que teve gente que comprou o ingresso e desistiu de vir porque descobriu só agora a posição política do cara? Esse era um comentário recorrente. A turnê, que já passou por Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre, segue para Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo.

Um velho “bravo”

Quando a turnê foi anunciada, teve até quem tentasse impedir que o músico pisasse no Brasil, tentativa que não prosperou, arquivada pelo MPF. O principal elemento causador de polêmicas foi uma capa preta que imitava um oficial da SS, referência ao filme The Wall, utilizada pelo artista há anos. No show realizado na Alemanha, a peça gerou investigação policial. O traje acabou sendo deixado de lado nos show. Às críticas, o artista respondeu com arte, com criatividade e ironia.

“He’s mad, don’t listen (Ele está bravo, não dê ouvidos)”, era a mensagem da abertura do segundo set. “ You're up against the wall right now (Você está contra a parede agora).”

No palco, Roger Waters entregou um grande espetáculo cheio de música, luzes, efeitos especiais, elementos cênicos. Tocou guitarra, baixo, violão e piano. Foi uma noite para ninguém botar defeito. Mesmo aquele pessoal que, no começo, foi convidado a se retirar para o bar e tapar os olhos para a política, pode escutar de lá um grande espetáculo de rock and roll.


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