Série documental explica crítica de cinema no país

Série documental explica crítica de cinema no país

Primeira temporada terá exibição a partir de maio de 2019 no Prime Box Brasil

Luiz Gonzaga Lopes

Crítico Celso Sabadin foi um dos entrevistados para série

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O Brasil sempre foi um país pródigo em grandes críticos de cinema, das áureas décadas do século XX, entre anos 30 e 60 (de nomes como Mário Behring, Adhemar Gonzaga, Ismail Xavier, Moniz Vianna, Alex Viany e Paulo Emilio Salles Gomes) até os dias atuais. Para tentar entender melhor os críticos e a crítica de cinema e séries no país, os cineastas Luiz Alberto Cassol e Paulo Nascimento criaram a série documental “Críticos”, que terá exibição a partir de maio pelo canal Prime Box Brasil, com oito episódios de 30 minutos cada. Com produção da Accorde Filmes, a série tem direção de Cassol, produção executiva de Marilaine Castro da Costa e Paulo Nascimento e roteiro de Gilberto Perin, Cassol e Nascimento, a partir do argumento de Nascimento.

A equipe da série entrevistou 19 nomes da crítica brasileira entre agosto e outubro deste ano, abordando suas trajetórias e diversos temas relacionados com a prática, a rotina, os resultados e as relações que a profissão exige. “Os realizadores leem as críticas, mas a troca com os críticos é pequena, restrita a festivais. Queríamos ter este diálogo com calma, poder dar voz aos críticos sobre o que é ser crítico, se existe ou não um muro entre quem faz o filme ou a crítica, entre outros assuntos”, revela Cassol, que apurou 25 horas brutas de gravação, que estão atualmente na fase de decupagem e montagem para a série documental.

Dos 19 entrevistados, nove são gaúchos: Marcos Santuario (Correio do Povo), Roger Lerina, Ivonete Pinto, Fatimarlei Lunardelli, Daniel Feix, Mônica Kanitz, Robledo Milani, Lucas Borba e Luiz Carlos Merten, que atua em São Paulo há décadas. Os outros dez nomes são Rubens Ewald Filho, Jean-Claude Bernardet, Celso Sabadin, Luiz Zanin Orichio, Patricia Kogut, Paulo Henrique Silva (presidente da Abraccine), Suzana Uchôa Itiberê, Ismailino Pinto, Maria do Rosário Caetano e Carlos Eduardo Lourenço Jorge.

Conforme Cassol, destes entrevistados para a série, Jean-Claude Bernardet é o que faz a ponte entre a crítica atual e a das gerações anteriores. “O Merten e o Zanin também bebem na fonte das gerações anteriores, fazem uma defesa do cinema nacional na melhor linha da frase do Paulo Emilio Salles Gomes: ‘o pior filme brasileiro é melhor do que o melhor filme estrangeiro’. Merten falou sobre o auxílio do mundo digital atual para quem escreve no impresso”, aponta. O diretor lembra que foram feitas diversas perguntas que estavam previamente descritas no roteiro. “Duas destas perguntas foram qual o grande filme de sua vida e qual o grande filme brasileiro de sua vida?. É claro que o ‘Cidadão Kane’, de Orson Welles, ‘Terra em Transe’, de Glauber Rocha, e ‘Pagador de Promessas’, de Anselmo Duarte apareceram constantemente nestas escolhas. Boa parte destes críticos entrevistados trataram da questão do pertencimento do cinema nacional”, observa.

Outros assuntos vieram naturalmente, a partir do background do próprio entrevistados, como o cineclubismo e os clubes de cinema. “Os cineclubes e clubes de cinema foram criados a partir de apaixonados, mas predominantemente por críticos e cineastas. Outras perguntas tinham que ser feitas, como se eles já fizeram ou quiseram fazer cinema ou ainda sobre as experiências de vida, profissionais, agregando ao trabalho de crítica, que é o caso do Zanin, falando sobre a psicanálise”, diz.

Cassol destaca que o produtor Leonardo Peixoto teve um esmero para deixar a parte técnica pronta antes do entrevistado entrar no set. “Isto criou um arco narrativo na série que é o gravar toda a entrada do crítico, suas reações, brincadeiras, microfonagem, uma atmosfera para entrar no tema.”

Temas que também entraram nas entrevistas com os críticos foram também as novas tecnologias e a exibição em diversos veículos, com destaque para streaming e on-demand. “Quando captamos as entrevistas, ainda não havia sido exibido 'Roma’, do Alfonso Cuarón’ pela Netflix, mas com a crítica Patrícia Kogut, de O Globo, o tema veio à tona de como os críticos estão vendo e como têm tempo para abarcar toda a produção que está sendo realizada”, ressalta Cassol.

Uma das certezas do diretor é que a série foi feita para ter uma segunda e terceira temporada. “Poder ver e ouvir críticos foi um prazer que deve se estender ao espectador”, finaliza.

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