Série ucraniana gravada em pleno conflito para lembrar que 'a guerra continua'

Série ucraniana gravada em pleno conflito para lembrar que 'a guerra continua'

"In her car" foi exibida nesta semana durante o evento Mipcom, em Cannes

Correio do Povo

Cartaz de 'In her car': seis dos dez episódios planejados foram filmados e dez emissoras europeias participaram no seu financiamento

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Os primeiros episódios da série ucraniana "In her car" (No carro dela, em tradução livre) filmada em meio ao conflito da guerra, foram exibidos nesta semana durante o evento Mipcom, em Cannes, para lembrar aos telespectadores que "a guerra continua".

O projeto foi originalmente apresentado no mercado de conteúdos audiovisuais de Cannes em 2022 para ilustrar a força da indústria televisiva ucraniana.

Um ano depois, seis dos dez episódios planejados foram filmados e dez emissoras europeias participaram no seu financiamento.

"Para mim foi muito importante não criar uma série sobre a guerra, mas sobre como a guerra afeta o destino das pessoas, as suas perspectivas sobre o mundo", explica o autor, Eugen Tunik, à AFP.

A série conta a história de Lydia (Anastasia Karpenko), uma psicóloga que, após a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, decide ajudar refugiados para que eles possam se reunir com seus entes queridos ou trazê-los para um local seguro.

Durante essas sessões de terapia improvisadas, são intercalados flashbacks que mostram as vidas passadas dos personagens - que os colocam em perspectiva.

“Quando a guerra começou, compreendi que todos os problemas que poderia ter tido antes do 24 de Fevereiro já não tinham absolutamente a mesma importância”, acrescenta o diretor, de 31 anos.

Em busca de um festival de séries televisivas onde pudesse apresentar o seu projeto, foi selecionado pelo concurso de Berlim, onde o governo ucraniano permitiu sua participação. 

Em março de 2023, as filmagens começaram em locais secretos dentro e ao redor de Kiev. "Foi crucial para mim filmar na Ucrânia, não porque sou louco, mas para mostrar a vida como era no início da guerra" e "porque podemos fazer" as gravações, explica Eugen Tunik.

O diretor explica que os abrigos antiaéreos ficavam próximos aos locais de filmagem.

Os três primeiros episódios, vistos pela AFP, não condenam os russos, cuja língua é falada por alguns personagens - apesar da rejeição que a língua começou a provocar entre muitos ucranianos.

“Eu não queria fazer uma série de propaganda”, diz Eugen Tunik, que parou de falar russo após a invasão.

"É o momento certo"”, diz a responsável pelas vendas internacionais do filme, Veronika Kovacova, da Beta Film. "Eu não diria que as pessoas tendem a esquecer a Ucrânia, mas o choque inicial passou", acrescenta, indicando que o lançamento acontecerá por volta de fevereiro.

Outra série inspirada na guerra, "Those who stayed" (Aqueles que ficaram, em tradução livre), chegará à Netflix da Ucrânia e de outros países do leste europeu em 1º de novembro. Também será transmitido pela televisão em 12 países, segundo o grupo ucraniano 'Film.UA'.


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