Sessão histórica homenageia Joãosinho Trinta no Festival do Rio
Foi exibido pela primeira o filme "Trinta" em sessão de gala
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Na noite de terça-feira, foi realizado um momento histórico no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi exibido, pela primeira vez, o longa-metragem "Trinta", de Paulo Machline, em sessão de gala. O evento integra a programação do Festival do Rio 2014, que ocorre até 8 de outubro na capital fluminense. E a estreia nos cinemas está prevista para 17 de novembro em todo o Brasil.
A cerimônia foi uma homenagem ao carnavalesco Joãosinho Trinta (1933 - 2011), que na juventude foi bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e muito circulou pelos corredores do mesmo prédio centenário. A história conta a passagem de tempo em que o jovem João (nascido em São Luis, Maranhão) tenta a sorte no Rio de Janeiro e consegue uma vaga para o corpo de baile do teatro. Depois, através de um convite do carnavalesco Fernando Pamplona, começa a trabalhar na parte de alegorias da escola de samba do Salgueiro em 1974. Anos depois, iria assumir a responsabilidade completa sobre os desfiles. A proposta do filme, portanto, é fazer esse recorte sobre a vida do biografado.
O protagonista é vivido pelo ator Matheus Nachtergaele. "Fiquei honradamente assustado com a responsabilidade de interpretar este mito quando fui convidado para o papel", contou o ator. A preparação incluiu aulas de balé para o ator durante quatro meses. "Joãosinho começou como bailarino. Por isso, eu quis fazer balé. Me ajudou na postura corporal", contou Nachtergaele. Além disso, o ator teve acesso a material de arquivo e a um documentário anterior feito pelo mesmo diretor do longa sobre o carnavalesco, em que Joãosinho concedeu diversas entrevistas, além de o ter conhecido pessoalmente em 2009, antes de seu falecimento (2011). "Joãozinho soube que eu ia fazer o filme sobre ele. Conversamos bastante e ele me abraçou e disse: que bom que é você. Para mim, foi importante esse aval", comentou Nachtergaele, que na sessão no Teatro Municipal leu uma carta para o biografado, lembrando um de seus lemas: que houvesse uma revolução pela alegria.
Joãosinho Trinta foi considerado um revolucionário do carnaval carioca, abusando do luxo e buscando referências da arte erudita para suas composições. Uma de suas frases conhecidas foi: "o povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual". No filme, além de sua cultura e criatividade, também fica claro o quanto foi duro para o carnavalesco se impor em um meio que nem sempre entendia o que ele estava falando. Sua trajetória contou com muitos momentos de solidão. "Eu não quis fazer uma imitação ou cópia do João. Não é meu estilo. Mas procurei captar alguma coisa da alma dele, daquele homem que tinha 1,56m, mas tinha uma inteligência diferente, um espanto inquieto com a vida", contou o o ator.
O filme é coerente e funciona bem na tela grande, fazendo um justo resgate para esse homem que influiu tanto na cultura carnavalesca do Brasil. O elenco conta ainda com Milhem Cortaz, Paolla Oliveira e Fabrício Boliveira.
