Siron Franco: um artista livre no Farol Santander Porto Alegre

Siron Franco: um artista livre no Farol Santander Porto Alegre

A exposição “Armadilha para Capturar Sonhos”, com abertura nesta quarta-feira, dia 16, reúne 63 pinturas em grandes formatos de um dos maiores artistas do Brasil

Luciana Vicente

Mostra inédita de Siron Franco exibe 63 pinturas, além de vídeos e documentário

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Manifestos, ideias e liberdade criativa estão presentes na exposição “Armadilha para Capturar Sonhos”, de Siron Franco, com visitação aberta, a partir desta quarta-feira, dia 16, às 10h, no Farol Santander Porto Alegre (Sete de Setembro, 1028). O visitante irá percorrer 50 anos de produção artística por meio de 63 pinturas, produzidas entre 1973 e 2023, em grandes formatos de um dos maiores artistas do Brasil. 

A exposição está organizada em sete núcleos ou aproximações temáticas – Cosmos, Segredos, Mitos, Homem, Biomas, Violência e Césio. Gabriel Pérez- Barreiro detalha que a curadoria foi feita a partir da coleção particular de Justo Werlang e está organizada por eixos temáticos que se aproximam e estão interconectados. Todos os núcleos apresentam um breve vídeo com o próprio artista comentando cada um dos temas e seu processo de trabalho.

Para o curador, um conceito importante no trabalho Siron é a liberdade. “Siron é um ser livre, a relação dele com a pintura é livre, a relação do espectador com o trabalho dele é livre. A liberdade também no pintar, no estilo, no assunto, na técnica, nos tamanhos das telas, na forma de trabalhar. Realmente é um exercício de quem sabe o que é a liberdade”.

Pérez-Barreiro acrescenta, que desde os anos 1970, o trabalho de Siron tem abordado de forma sistemática quase todas as questões que são dominantes na arte brasileira e internacional, como catástrofe ambiental, discriminação, violência, injustiça, corrupção, raça. Muitas das obras que fazem parte da exposição serão mostradas pela primeira vez ao público, como “A Grande Rede”, realizada neste ano. 

Para falar de sua pintura, Siron transita pelo passado vivido em Goiânia, sua herança familiar, viagens e acontecimentos diversos, como frases ou ideias, que o tocaram de alguma forma. O artista relata que suas telas podem nascer de uma reportagem, como a série Fábulas de Horror, realizada a partir do que ele assistiu na televisão sobre a Uganda. Ou a partir de informações ou imagens que vão resultar em uma terceira imagem, como um desenlace da emoção vivenciada, imperando o impulso e a necessidade de criar. 

A linguagem visual do artista oscila entre a figuração e as abstrações. Suas pinturas são constituídas de muitas camadas que se sobrepõem, escondidas pela camada mais superficial e visível aos olhos do espectador.

A exposição é uma oportunidade para o público porto-alegrense revisitar a obra de Siron Franco que, há 22 anos, não tinha um conjunto tão representativo de seu trabalho apresentado no Rio Grande do Sul. A última individual aconteceu em 2001, no extinto Centro Cultural Aplub, com a série de objetos escultóricos (“Casulos”). Em 1999, o artista ganhou retrospectiva no Margs.

Também será exibido o documentário Siron. “Tempo Sobre Tela”, dirigido por André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos. 

Siron Franco

Pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte (nascido Gessiron Alves Franco, em Goiás Velho, Goiás, em 1947), Siron Franco tem uma produção artística de predominância pictórica, em que mescla ora num vocabulário surrealista, ora com abstrações ainda passíveis de identificação alegórica, comentários críticos sobre problemas sociais e personagens da cultura pop e do cerrado goiano.

A série mais conhecida do artista, e que desencadeia uma mudança paradigmática em sua produção, é o conjunto de obras ligadas ao acidente radioativo do Césio 137, em Goiânia, em setembro de 1987. Como resultado de seu estado de indignação pela demora no atendimento aos contaminados e na contenção dos danos causados pela radiação, o artista produz telas, desenhos e esculturas em que há uma economia de elementos de fundo e um destaque às pontuais imagens que funcionam como alegorias a tragédia radioativa, principalmente, o uso do amarelo fosforescente em menção à letalidade da substância e da terra retirada diretamente do entorno da cidade de Goiânia.  Após esse evento trágico, sua produção toma um rumo de militância política. 

Serviço: 

Farol Santander (Rua Sete de Setembro, 1.028), em Porto Alegre
Visitação, até 22 de outubro, de terça a quarta, das 10h às 19h, e aos domingos e feriados, das 11h às 18h. 
Ingressos a R$ 17 (inteira) e R$ 8,50 (meia) no site do Farol Santander e na bilheteria do local


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