Surf e stand up paddle podem ser aliados no tratamento de doenças

Surf e stand up paddle podem ser aliados no tratamento de doenças

Iniciativa do Comitê Olímpico Francês substitui prescrição de remédios por aulas das modalidades

Eric Raupp

Surf e stand up paddle associados à água do mar podem se tornar grandes aliados no tratamento de doenças

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Enquanto o Brasil descobre a braçadas curtas o stand up paddle e o surf, popularizado no país após os atletas Gabriel Medina e “Mineirinho” se tornarem campeões mundial da modalidade, a França encontra nessas práticas um importante aliado no tratamento de doenças crônicas.

Uma parceria do Comitê Olímpico do país com 21 médicos da cidade de Biarritz prescreve aulas dos esportes como terapia, substituindo as habituais medicações. Os casos vão desde dores nas costas a problema cardíaco, diabetes, e depressão. O programa não custa um centavo ao serviço de previdência social francês. Os 300 mil euros mensais necessários para cobrir as despesas, como pagamento dos professores e manutenção das pranchas, são provenientes da verba municipal para saúde e por duas organizações privadas.

Após obter a recomendação das aulas por um dos médicos inscritos na ação, os pacientes pagam uma taxa de 10 euros por sessão. As entidades competentes estão já mesmo a pensar em mudar as leis de saúde locais para que este tratamento seja incluído.

De acordo com o médico responsável pelo projeto, Guillaume Barucqa, a iniciativa que hoje reúne cerca de 200 pacientes, é uma oportunidade de revistar os costumes dos franceses. "Isto serve para tentar uma mudança cultural num país onde 90% das pessoas saem do consultório com uma lista de remédios para comprar”, afirma. Ele ainda garante que desde o início das atividades, em maio do ano passado, apenas três indivíduos desistiram das aulas.

Segundo a coordenadora do Centro de Medicina do Esporte do clube Grêmio Náutico União de Porto Alegre, Rosemary Petkowicz, essas modalidades auxiliam o fortalecimento da musculatura. “Além de trabalhar os músculos inferiores, há outras partes do corpo envolvidas, como braços e tronco. Se não mantivermos uma postura adequada, teremos ainda mais dores”, explica.

Ela também aponta para o importante papel desempenhado pelos esportes no equilíbrio corporal. “À medida que as pessoas envelhecem, acontece a perda da fibra muscular de contração rápida, então, treinar o corpo e estimular essas substâncias é algo fundamental”, diz. 

A água do mar

Por serem exercícios ao ar livre, o surf e o SUP trazem ainda outros benefícios. “Um trabalho na água tem um efeito positivo sobre a pressão e a glicose porque melhora a permeabilidade desse elemento nas células”, explica Rosemary. Além disso, atividades aquáticas possuem um importante papel na diminuição da sobrecarga articular, dando a sensação de relaxamento.

Isso acontece porque o mar é composto, entre outros elementos, por zinco, potássio, iodo e oligo, que têm propriedades antibióticas. “As ondas que se fragmentam no oceano ou na areia quebram moléculas que liberam íons negativos. Eles melhoram a oxigenação dos tecidos, o humor, a qualidade do sono e a concentração, analisa Guillaume Barucqa. O médico, que também é surfista, garante que depois de seis meses de prática, os pacientes começam a obter resultados satisfatórios.

Contudo, Rosemary defende que qualquer exercício vai levar no mínimo um mês para dar respostas perceptíveis, mas avalia com precaução o uso surf e do SUP como terapia. “É inviável tirar a medicação quando o problema é muito grave. Não é possível substituir os remédios por exercícios. O que deve ser feito é reduzir as doses e associar às atividades”, acredita. A especialista alerta que é impossível generalizar o tratamento por meio do esporte, e cada caso deve ser analisado separadamente.

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