"T2 Trainspotting" chega aos cinemas repleto de nostalgia
Com traição e vingança, filme traz gancho deixado no original
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O roteiro assinado por John Hodge pega um gancho deixado lá em "Trainspotting - Sem Limites" e traz de volta como uma forma de vingança, em especial pelos amigos Sick Boy (Miller) e Begbie (Carlyle), que não esqueceram da traição que Renton (McGregor) cometeu no passado. Com isso, uma nova sequência de perseguição e planos de fuga serão novamente executadas ao som de bandas alternativas e que coreografam perfeitamente com a cena na tela.
"T2" é, acima de tudo, nostálgico. Tanto pelo seu resultado quanto pela história em si. É notável que até entre os personagens há o ar de saudosismo da juventude em que as maiores preocupações era garantir a próxima picada. Agora, cada um tem que seguir com a sua fracassada vida de adulto que tanto criticavam no primeiro filme com o discurso "Choose Life", entoado logo de cara por Renton na abertura do primeiro longa e que também tem o seu momento de atualizá-lo nesta sequência.
Apesar da droga não ser mais prioridade na vida do quarteto, ela ainda se torna presente, mas de forma controlada. Estamos com um bando de quarentões, mas que não amadureceram tanto em relação há 21 anos. A frase que Begbie solta nos minutos finais da projeção confirma bastante a postura do grupo "o mundo continua mudando, mas nós não". Afinal, a essência de Renton, Sick Boy, Spud e Begbie está em não seguir nenhuma regra que lhe posicionam.
Principalmente se você está numa prisão, como acontece com Begbie, que dá seu jeito de escapar e volta a sua antiga vida de assaltante. Renton que retorna a Edimburgo, mas não tem nenhum motivo que o faça voltar para sua antiga rotina. Sick Boy vive de golpes ao lado da namorada Veronica (Anjela Nedyalkova) enquanto tenta gerenciar um bar falido que ficou de herança. Que assim como Spud, que tentou o suícidio e foi salvo por Renton, enxergam uma nova oportunidade de se darem bem com o retorno do amigo. Mas este reencontro será apenas o ponto de partida para uma nova traição.
Danny Boyle fez bem em não fugir das caraterísticas que tornaram "Trainspotting" em um jovem clássico dos cinemas. Embora seja muito apegado ao primeiro filme, "T2" consegue manter o mesmo ritmo que seu antecessor. Inclusive, diversos flashbacks são relembrados nesta nova produção, que ainda traz "Lust For Life", de Iggy Pop, em um bonito momento de superação de Renton em seu desfecho.
A fotografia e montagem dialogam perfeitamente em vários detalhes que ajudam a mostrar o que os personagens não falam. A linguagem dinâmica e inquieta permanecem para dar agilidade à história que precisa de uma virada violenta após a inserção de Begbie na vida do trio. O destaque do filme fica por conta de Spud, que entre todos, é o mais humano ao refletir as duras consequências que a heroína trouxe para ele e que infelizmene, acha difícil superá-lo.
"T2 Trainspotting" não chega a superar o primeiro longa e não traz tanta originalidade. Mas a verdade é que em época de tantas sequências e refilmagens que ninguém pede, o filme de Boyle mostra que é possível fazer uma boa reunião com os ingredientes que tem. "T2" recupera o que de bom teve no passado e joga para os "junkies" famintos de cinema.
Assista ao trailer: