Tacho celebra 40 anos de carreira reunindo charges em livro

Tacho celebra 40 anos de carreira reunindo charges em livro

Ilustrador fará lançamento no próximo dia 13, no Chalé da Praça XV

Luciana Vicente

Natural de São Leopoldo, Tacho faleceu nesta terça-feira

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A busca por oferecer uma charge elegante, sem agredir, mas crítica e irônica é a tarefa enfrentada pelo chargista Tacho ao elaborar sua publicação diária para o Correio do Povo. Uma série dessas criações foram reunidas no “Almanaque do Tacho: textos e traços” (editora Sinopsys), com sessão de autógrafos para os leitores do jornal no dia 13 de dezembro, das 19h às 20h, no Chalé da Praça XV.

Para o livro, foi selecionado material dos últimos cinco anos de sua produção, com ênfase em temas voltados à política e corrupção, ecologia, cultura e ufanismo gaúcho. São charges publicadas no Correio do Povo e em outros veículos, como NH, Vale dos Sinos, Diário de Canoas e Correio do Gravataí. Os textos curtos são de sua coluna semanal Planetacho, impressa no jornal ABC Domingo.

Para suas charges, Tacho diz que sempre almeja a crítica, mas acima de tudo a ironia e o entendimento imediato do leitor. “Quando os temas são políticos e ideológicos, a crítica precisa ser sempre de esquerda, até mesmo à esquerda da esquerda”, comenta. Sua intenção é provocar uma reflexão sobre o que está em evidência nos noticiários. Para conseguir isso, se mantém atualizado, lendo os jornais e conferindo sites, e conversa com amigos na busca do jogo de palavras e de frases que digam muito de forma sintética. Ele detalha que, antes do desenho, vem o diálogo. Com o tema e a conversa definidos, a escolha dos personagens e o desenho acontecem. No entanto, considera que a melhor charge, esteticamente, é aquela que nem diálogo tem.

Entre os personagens que se repetem no seu trabalho estão o gaúcho, figura que mescla ingenuidade, soberba e sabedoria; os velhos, que oferecem uma comparação entre o presente e o passado; e os jovens, mostrando conflitos e temas atuais. Tacho conta que a charge dos gaudérios sobre o dia seguinte ao show dos Rolling Stones em Porto Alegre foi um sucesso, rendendo mais de 40 mil compartilhamentos em mídias sociais e dezenas de comentários nas rádios.

Percebendo a charge como um documento histórico, o ilustrador analisa que em 40 anos de profissão, completados esse ano, criticou e registrou em desenho importantes momentos sociais, políticos e econômicos, como o fim da União Soviética, a volta da democracia no Brasil, os vários planos econômicos nacionais, a Era FHC e Lula. Sem deixar de lado momentos cruciais do futebol e acontecimentos culturais e de comportamento.

Refletindo sobre o momento atual, diz ser difícil trabalhar diante de tantas críticas e cobranças diretas feitas por meio das redes sociais. Revela que parou de ler os comentários feitos em razão de suas charges, pois considera que são desproporcionais ao que foi publicado e muitos são agressivos.

Sem se considerar um grande desenhista, dizendo que seu traço é intuitivo e caligráfico, pois não tem uma técnica, Tacho relata que o desenho permeia toda a sua vida, sendo na infância a brincadeira favorita. Seu pai era dono do Bar Ideal, um tipo de armazém, nos anos 70, em São Leopoldo, espaço que reunia diferente pessoas ao longo do dia. Neste lugar, ouvia as piadas, anedotas e histórias contadas pelos frequentadores. Tudo o que acontecia ali era anotado e virava desenho.

Na adolescência, aos 17 anos, entrou no Jornal Vale dos Sinos para ocupar o cargo de office-boy. Em pouco tempo publicava seus desenhos e foi contratado como chargista. Suas inspirações criativas foram Millôr Fernandes, por suas ilustrações e frases de efeito, e os chargistas gaúchos Santiago e Sampaulo. No ano de 1986, aos 27 anos de idade, entrou para o Correio do Povo, contabilizando este ano 30 anos de trabalho no jornal.

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