Tarantino chama bandeira dos Confederados de “suástica da América”
Para diretor, "está mais do que na hora” dos EUA discutirem racismo
publicidade
O diretor disse que a bandeira dos Confederados, unidade política formada pelos estados escravistas do sul dos EUA durante a Guerra Civil, foi a versão americana da suástica nazista e que está “mais do que na hora" do país discutir sua presença em prédios oficiais, assim como debater a história e o racismo.
O novo filme de Tarantino, “Os Oito Odiados”, se passa anos após a guerra da secessão e conta a história de um ex-soldado negro da União que é obrigado a trabalhar com ex-combatentes dos Confederados. Em entrevista ao jornal britânico “The Telegraph”, o diretor afirmou que, “com os eventos do último ano, o filme se tornou mais importante do que jamais poderia ter imaginado”.
Em especial, o cineasta de 52 anos disse que o massacre de nove pessoas na Igreja Mother Emanuel, em Charleston, na Carolina do Sul, o atingiu de maneira sem precedentes. Ele chamou o atirador de “supremacista branco imbecil que se enrolava na bandeira rebelde” dos Estados Confederados.
Para Tarantino, os Estados Unidos de hoje em dia nunca estiveram tão divididos desde a Guerra Civil. Entretanto, ele admitiu que,”se perguntarmos aos amigos negros na América o que tem acontecido com homens negros e pardos sendo atirados pela polícia, eles dirão que não é um fenômeno novo”.
O que torna isso tão importante, ele acredita, é que a violência está sendo filmada, e cada vez mais gente está assistindo. “Isso realmente penetrou e perfurou a consciência da mídia nacional. De uma forma estranha, eu acho que vai se revelar não muito diferente de assistir à Guerra do Vietnã na televisão".
Tarantino disse que de repente, as pessoas começaram a falar sobre os Estados Confederados de uma maneira nunca vista antes. “Eu sempre achei que a bandeira fosse uma espécie de suástica da América; e agora, as pessoas começam a discutir a presença dela, e ela começou a ser banida. Agora, não é mais permitido ter o desenho em malditas placas e copos de café, entre outras coisas”, desabafou.
Ele ainda comentou que a sociedade norte-americana se pergunta sobre a presença de estátuas do general dos Confederados e líder da Ku Klux Klan, Bedford Forrest, em parques e praças públicas. “Bom, já está mais no que na hora de se discutir isso, se você me perguntar”, finalizou.