Três membros deixam a Academia Sueca em meio a escândalo de abusos sexuais
Homens protestam contra laços entre instituição e acusado de má conduta sexual
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Um dos membros que renunciou, Peter Englund, disse que o escândalo, desencadeado em novembro como parte da campanha #MeToo, havia dividido profundamente o mundo literário sueco. "Com o tempo, uma rachadura que apareceu continuou a crescer", ele disse em uma carta para o jornal Aftonbladet.
Junto com Englund, os membros Klas Ostergren e Kjell Espmark decidiram deixar o cargo depois de uma reunião comum do grupo na quinta-feira em um restaurante de Estocolmo. "É com grande tristeza que, depois de 36 anos trabalhando na Academia, incluindo 17 como presidente do Comitê do Nobel, eu me sinta forçado a tomar essa decisão", afirmou Espmark em uma carta à imprensa. "Quando vozes centrais colocam amizade e outros motivos não pertinentes à frente da responsabilidade e da integridade, eu não posso mais participar de seu trabalho", afirmou ainda. Já Ostergren condenou "uma traição ao fundador e seu grande protetor", fazendo referência ao fundador da Academia, o rei sueco Gustav II, e ao inventor Alfred Nobel, que deixou sua fortuna para a instituição.
Englund, Ostergren e Espmark são membros vitalícios e não podem renunciar tecnicamente, mas não há nada que os obrigue a participar de reuniões. Com a saída dos três, a Academia passa a ter apenas 13 dos seus 18 membros ativos, já que as autoras Kerstin Ekman e Lotta Lotass boicotaram a instituição há anos. Também nesta sexta, o Rei Carlos XVI Gustavo foi informado sobre os acontecimentos.