Tragicomédia noir chega com ‘...E a Tia na Lareira’

Humor sarcástico, ritmo frenético, muitos personagens e música ao vivo são os ingredientes de “...E a Tia na Lareira”, superprodução local que estreia no Teatro da Unisinos (Nilo Peçanha, 1600), de hoje a sábado, 20h e domingo, às 19h. Com direção de Jardel Rocha e trilha sonora original de Pedro de los Santos, a tragicomédia tem dramaturgia do ator, escritor, figurinista e cantor de ópera Henrique Cambraia, que também sobe ao palco.

Foram dois anos de preparação do espetáculo com 16 atores e cinco musicistas, da equipe que envolve cerca de 60 pessoas. O que começou de forma modesta, com atores convidados, cresceu, a partir do financiamento de pessoas físicas. Questões sociais como casamento, moralidade, hipocrisia, crítica artística e o verdadeiro significado da vida são tópicos abordados na peça, que se passa em um antigo casarão, situado na fictícia cidade de Cipreste Dourado. 

Mergulhado em reflexões, o artista plástico frustrado Estevam Monteiro (João Maestri) percebe que não cumpriu sua promessa de infância, de jamais crescer e caso isso ocorresse, de andar sempre de mãos dadas com a criança que foi. Decidido a se suicidar, tem uma dívida com seu amigo de infância Heitor Leopoldo – bancário medíocre que também se recusava a crescer – de assassiná-lo. Após envenená-lo e escondê-lo atrás do sofá da sala, chega a moralista e comilona tia Felícia Guilhermina. Casada com o sem graça Norberto, decide trocar de marido e demove o protagonista de seu intuito inicial. 

“A campainha não para de tocar e a noite acaba virando uma bola de neve”, diz o autor, que vive a hilária Felícia e promete entre quatro e cinco grandes revelações. Henrique iniciou o texto em 2016, quando possuía 16 anos, que teve a estrutura de ópera, passou a ser conto e virou dramaturgia. “O principal deste projeto é que foi erguido por iniciantes. Conquistamos uma boa estrutura, que foge da lógica para os moldes que temos aqui”, afirma o artista.