Um Festival de Gramado histórico e representativo

Um Festival de Gramado histórico e representativo

A enviada especial do Correio do Povo a Gramado, Adriana Androvandi, faz sua análise sobre os oitos dias do evento cinematográfico

Adriana Androvandi

Nestes oito dias o Festival recebeu celebridades e mostrou filmes nacionais representativos de comunidades indígenas, negras, quilombolas e das periferias

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A edição deste ano do Festival de Cinema de Gramado já é histórica por completar seus 50 anos e, além disso, marca o retorno presencial do evento. Desde a sexta-feira, dia 12, o Palácio dos Festivais fervilha a cada noite. A safra de filmes brasileiros teve algumas temáticas que estão alta, como a questão indígena, negra, quilombola e representativa das periferias.A realidade de indígenas esteve em filmes como "Noites Alienígenas", de Sérgio de Carvalho, primeiro longa-metragem do Acre em competição no Festival de Gramado. Curtas brasileiros também abordam esta temática, como "Tekoha", de Carlos Adriano (SP), e "Um Tempo para Mim" de Paola Mallmann (RS).

A representatividade negra foi outro aspecto marcante. Um exemplo é o elenco do filme "Marte Um", de Gabriel Martins, majoritariamente negro. Este, até o momento, foi o filme mais aplaudido ao final da sessão no Palácio dos Festivais, apresentando-se como favorito. "Noites alienígenas" também foi bastante elogiado. Como atriz, os destaques ficam com Marcélia Cartaxo (A Mãe), Leticia Colin (A Porta ao Lado) e Rejane Faria (Marte Um).

O longa "Clube dos Anjos" tem um elenco totalmente masculino, não tendo como concorrer na categoria de atriz. Otávio Muller fez um trabalho divertido como líder de um grupo de "homens hediondos", como definiu o próprio diretor Angelo Defanti (RJ). O filme tem uma produção e atuações primorosas, mas nem todos embarcaram na proposta do longa, adaptado de um livro de Luiz Fernando Verissimo, frente a temas urgentes no Brasil atual, como a sobrevivência de negros e indígenas. Entre os corredores do festival o nome dos protagonistas de "O Pastor e o Guerrilheiro", interpretados respectivamente por César Mello e Johnny Massaro, estão entre mais cotados para atuação masculina.

O último filme nacional exibido em competição, na quinta-feira à noite, foi "Tinnitus", de Gregório Graziosi (SP). No elenco, está a atriz Joana de Verona, que se divide entre Brasil e Portugal. Ela interpreta uma atleta que apresenta uma crise de Tinnitus, processo de perda de audição que pode se manifestar com um zumbido constante e, em casos mais graves, levar a alucinações. Ela interage com outras atletas, vividas pela franco-americana Alli Willow e a brasileira Indira Nascimento (que esteve no filme "Medida Provisória"). "Há poucos filmes sobre saltos ornamentais em dupla", disse o diretor. Este longa, que conta com Antônio Pitanga como ator coadjuvante, trata de temas como obsessão e obstinação, além do problema auditivo. O desenho de som é fundamental neste filme, mas ao tentar reproduzir o que a personagem vive dentro de sua cabeça acaba por tornar a trilha bastante angustiante e pesada. Algumas pessoas chegaram a sair da sessão.

Entre os estrangeiros, destaque para os longas que foram coproduções entre Argentina e Uruguai, como "9", que traz o drama de jovens direcionados a serem atletas de alta perfomance pelos pais, e "Cuando Oscurece", com um pai que sequestra a filha. Tudo depende agora do corpo de jurados, que muda a cada ano.  Os resultados serão conhecidos neste sábado, a partir das 21h. 

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