Um Grande Encontro com a alegria da música

Um Grande Encontro com a alegria da música

Show com Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo quinta-feira no Auditório Araújo Vianna embalou gaúchos por duas horas

Luiz Gonzaga Lopes

Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo levaram ao êxtase o público no Auditório Araújo Vianna

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Quando o Brasil se encontra em toda a sua integralidade, ainda mais quando o assunto é música, não há como se conter, como não cantar e dançar durante duas horas a fio. Assim pode ser resumida a experiência de assistir a um show do projeto O Grande Encontro que há duas décadas e meia reúne um timaço de músicos e compositores de origem nordestina, mas que falam a linguagem do Brasil. O show de quinta-feira passada, dia 1º de setembro, no Auditório Araújo Vianna teve estes componentes que transformam uma apresentação em épica. A paraibana Elba Ramalho (71) e os pernambucanos Alceu Valença (76) e Geraldo Azevedo (77) estão todos com mais de 70 anos, mas em plena forma musical e física. E aí a intensidade do repertório já é vista na primeira música que normalmente era a última, por ser uma canção que atinge a todas as gerações. O trio incendeia a plateia que levanta e quase não senta mais com “Anunciação”, de Alceu, com os dizeres clássicos: “Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais”. 

A partir daí o trio fica mais um pouco junto no palco com uma banda que parece não fazer esforço para tocar de tão presente e harmônica. Acabam se sucedendo “Caravana” e “Sabiá”, quando Alceu Valença invoca o espírito de Luiz Gonzaga, fazendo uma imitação perfeita do Rei do Baião. E o show continua com cocos, frevos, baiões, baladas, ritmos nordestinos e universais, segue com músicas de Alceu, como “Papagaio do Futuro” e “Pelas Ruas que Andei”. Em um dado momento, Elba Ramalho pede auxílio do público pois está um pouco sem voz, mas o público percebe que a voz dela, ainda que descontada, é de uma limpidez e de um alcance ímpares.  

Geraldo Azevedo assume o comando sozinho com a banda e executa clássicas como “Dona da Minha Cabeça” e “Dia Branco”. A plateia de quase 4 mil pessoas canta de cor todas as músicas e pouco consegue sentar, tamanha a energia que vem do palco. Para o “Bicho de 7 Cabeças”, Geraldo chama Elba, que chama a plateia para lhe auxiliar, elogiando a empolgação e afinação do público. Eles cantam juntos “O Princípio do Prazer” e ela fica sozinha para homenagear o amigo Zé Ramalho com a música mais emocionante do show (na minha modesta opinião, Freud explica), “Chão de Giz”. Depois, Alceu volta para o palco e o que se vê é um desfile de pérolas: “Como Dois Animais”, “Tropicana”, “La Belle de Jour”, “Táxi Lunar”, com direito ao repentismo e improviso que são características de Alceu. Ao final do show, todos estão extasiados e até um pouco sem fôlego, pois os setentões têm mais energia e alegria do que poderíamos pensar.  


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