Um museu ao ar livre homenageia as vítimas da nova violência na Colômbia

Um museu ao ar livre homenageia as vítimas da nova violência na Colômbia

Os rostos de algumas das vítimas foram imortalizados em um mural inaugurado na quinta-feira (4) em Bogotá

AFP

Harold Castañeda pinta o rosto de Carlota Salinas, vítima de violência, sob uma ponte em Bogotá

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Jovens mortos pela repressão policial, líderes sociais e ex-guerrilheiros que perderam a vida após o acordo de paz de 2016.

A violência continua na Colômbia e os rostos de algumas das vítimas foram imortalizados em um mural inaugurado nesta quinta-feira (4) em Bogotá.

Desenhados por cerca de 26 artistas urbanos renomados, esses 41 murais, alguns ainda em produção, buscam criar o primeiro "Museu da Memória ao Ar Livre" do país.

A homenagem faz parte do projeto 'Todas as vidas valem', iniciado no ano passado, quando as forças de segurança reprimiram as manifestações contra a violência policial no dia 9 de setembro. Doze pessoas morreram, a maioria jovens, e cerca de 500 ficaram feridas.

Os retratos dessas vítimas juntam-se aos rostos de ativistas e combatentes que depuseram as armas no acordo de paz com os guerrilheiros das FARC, após mais de meio século de conflito.

"A ideia é que à medida em que se faz a memória, as pessoas se lembrem de que há cidadãos sendo assassinados continuamente no país (...), as pessoas aprendam o valor da vida", disse Gustavo Trejos, um dos organizadores do o evento.

Desde o histórico pacto de paz, 1.137 líderes sociais e 255 ex-combatentes foram assassinados, segundo o observatório independente Indepaz, devido a uma nova investida de grupos armados que lutam pelos territórios deixados pelas FARC.

Solidariedade

Harold Pouchard Castañeda, também conhecido como Hard, é um dos grafiteiros participantes do projeto.

Ele retratou Carlota Salinas, uma líder negra que defendia os direitos das mulheres e foi assassinada em março de 2020 por homens armados no departamento de Bolívar (norte).

Na outra esquina, representou Andrés Rodríguez, um jovem morto nos protestos de 9 de setembro.

"Todo esse trabalho que fazemos por meio da pintura é para que as famílias saibam que nós as apoiamos e que não estão sozinhas", disse.

O evento também lembra o 10º aniversário da morte do grafiteiro Diego Lizarazo, assassinado aos 16 anos por um policial enquanto fazia uma pintura sob uma ponte em Bogotá.

Condenado por homicídio qualificado, o agressor Wilmer Alarcón fugiu e seu paradeiro é desconhecido.

A Colômbia vive um conflito armado que em mais de seis décadas deixou mais de nove milhões de vítimas, incluindo mortos, desaparecidos e deslocados.


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