Uma menina lutadora e uma ilha criativa

Uma menina lutadora e uma ilha criativa

Estreias de cinema contam com a animação 'Coração de Fogo' e o drama 'A Ilha de Bergman'

Marcos Santuario

'A Ilha de Bergman' conta com Vicky Krieps e Tim Roth no elenco

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Dos mesmos produtores de “A Bailarina”, chega às telas “Coração de Fogo”, animação com mensagem inspiradora de que “os sonhos são possíveis”. Isso porque desde muito nova, Georgia sonha em seguir a profissão de seu pai e se tornar uma grande bombeira, mas o fato de ser mulher na Nova Iorque do início do século passado não lhe permitia atuar na área. Uma oportunidade de ingressar no ambiente e na ação surge quando uma equipe de resgate é formada para buscar pelos bombeiros desaparecidos em um misterioso incêndio. E é quando ela se une a um time de brigadistas com outra identidade, mas sob a liderança do próprio pai. Quando ela decide se disfarçar de Joe, o propósito é, além de realizar o sonho, mostrar para a sociedade que uma mulher pode sim ser bombeira. Como se pode perceber, estamos tratando de uma animação que propõe uma discussão importante que empodera mulheres e meninas de uma geração que está se formando. São 93 minutos de diversão, mas também de reflexão sobre os papeis sociais e as discussões de gênero.

Outro destaque entre as estreias de cinema desta quinta-feira é “A Ilha de Bergman”, escrito e dirigido pela francesa Mia Hansen-Løve, e com Vicky Krieps e Tim Roth no elenco. Com a participação da RT Features, leia-se o brasileiro Rodrigo Teixeira, o filme revela-se como uma nova declaração de amor ao cinema, em especial àquele de Ingmar Bergman, diretor sueco de filmes como “Cenas de um casamento” e “Morangos Silvestres”. Depois de estrear no Festival de Cannes, a produção, rodada na ilha de Fårö, no Mar Báltico, próxima à Suécia, se desenvolve no local em que Bergman se estabeleceu até sua morte em 2007, e que serviu de cenário para alguns de seus longas, como, “A Hora do Lobo”, “Vergonha” e “Persona”. Na trama, um casal de cineastas, Chris e Tony, viaja à ilha. Ele tem como objetivo participar de alguns eventos, enquanto ela tenta superar uma crise criativa e escrever um novo roteiro. Com o passar do tempo no mágico local, a fantasia e a realidade se confundem. A imaginação da cineasta em crise se acelera ao visitar ruínas das filmagens de Bergman, e ao conhecer outras pessoas passa a imaginar um filme sobre uma jovem, vivida por Mia Wasikowska. Sua criação ganha a ambientação de Fårö, e envolve uma cerimônia de casamento. Mas em meio ao onírico, a realidade encontra espaço e produz um reencontro complicado com ex-namorado, na pele do ator Anders Danielsen Lie, com quem acaba se envolvendo novamente. Encontramos então a mística do “filme dentro do filme”. Filmando numa língua que não é sua, inglês, Hansen-Løve deu ainda mais liberdade aos atores para que eles próprios trabalhassem suas falas, para que soassem como os americanos realmente falariam naqueles casos. Exemplo claro de generosidade da diretora, que não impõe sua visão e menos sua linguagem. Desde sua estreia mundial, na competição do Festival de Cannes de 2021, o filme tem recebido grandes elogios, sobretudo por tratar-se de um jogo de cinefilia feito com sinceridade e inteligência.


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