"Uma Mulher Fantástica" retrata dor da perda e preconceitos contra transexuais

"Uma Mulher Fantástica" retrata dor da perda e preconceitos contra transexuais

Filme estreia hoje nos cinemas

Lou Cardoso

Daniela Vega dá vida a garçonete Marina em Uma Mulher Fantástica

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 "Uma Mulher Fantástica" estreia nesta quinta-feira nos cinemas levando para o público o relato dolorido da perda de um grande amor e as consequências de ter que lidar com a família conservadora do amado. Entretanto, o sofrimento que o público irá assistir será completamente em dobro devido a protagonista ser uma mulher transexual e sofrer absurdamente com preconceitos vindos de todos os lados. Esta é uma das denúncias que é possível presenciar no longa dirigido pelo chileno Sebástian Melo, que já reproduziu outros momentos femininos no seu último trabalho "Gloria" (2013) e mais uma vez, traz um outro universo protagonizado por uma mulher para os fãs de um dramalhão.

No filme, Marina (Daniela Vega) é uma garçonete e cantora que namora Orlando (Francisco Reyes), um homem mais velho, e que inesperadamente, morre no dia do seu aniversário após uma romântica comemoração. A partir daí inicia uma série de humilhações que envolvem médicos, policiais e principalmente da família do falecido, que não esconde por um momento a vergonha de ver a protagonista como a escolhida daquele pai e marido exemplar.

O diretor Sebástian Melo escolhe cuidadosamente a forma como exibir estes constrangimentos que a personagem desnecessariamente passa, mas ao mesmo tempo faz com que o espectador compreenda, nem que seja um pouquinho, esta violência diária que uma transexual vive na sociedade. É interessante também como Melo apresenta o íntimo de Marina, que foge de qualquer esterótipo, que friamente tem que absorver todo o avalanche que ocorre em questão de 24 horas e que nem por um momento, deixa de ser esta mulher fantástica em cena.

A atriz Daniela Vega imprime caprichosamente uma personagem abalada com os acontecimentos e que quando menos se espera, surpreende com cenas como o ataque em cima da ex-mulher do namorado durante o funeral e principalmente com a sua performance final. Se à primeira vista, a protagonista Marina possa aparecer sem expressão, é possível sentir a sua necessidade de um carinho neste momento tão maluco na sua vida. Retrato que o longa apresenta delicadamente quando Marina visita seu professor de música, sendo este o único a enxergá-la sem filtros e apenas como um ser humano.

Cenas como esta, cheias de significados e que preenchem fortemente a história, também são expressados durante o longa quando Marina encontra na música o seu refúgio para expressar a dor, ou nos minutos finais quando se depara com o vazio de um armário, simbolizando materialmente a herança que, infelizmente, o amado lhe deixou. A resistência e força deste conjunto apenas reforçam o título de Uma Mulher Fantástica que é atribuído a todas Marinas deste mundo.


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