Uma noite de destaques

Uma noite de destaques

Entre expectativas e emoções, o 6º Festival Santa Cruz de Cinema chega ao fim

Caroline Guarnieri *

Os vencedores e homenageados do Festival

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O Festival Santa Cruz de Cinema de 2023 terminou na noite de ontem, na Universidade de Santa Cruz (Unisc), com a premiação das 13 categorias da mostra competitiva e as homenagens aos artistas escolhidos nesta edição. A cerimônia contou com cerca de 500 pessoas, entre público, autoridades e organizadores.

O grande destaque da noite foi “Ela Mora Logo Ali”, de Rafael Rogante e Fabiano Barros, produção de Rondônia, que levou para casa três Troféus Tipuana da mostra nacional. O curta venceu as categorias de Melhor Filme, Melhor Filme pelo Júri Popular e Melhor Atriz, para Agrael de Jesus. O Melhor Filme Gaúcho foi “Rasgão”, de Victor Di Marco e Márcio Picoli; e o vencedor da mostra Olhares Daqui, dedicada a produções de Santa Cruz do Sul, foi “Existe ou Resiste”, de Vitz Almeida.

Confira o vídeo de cobertura do festival:

A atriz pernambucana Hermila Guedes, conhecida por trabalhos como “Céu de Suely”, “Por Toda a Minha Vida” e “Paraíso Perdido”, foi a artista homenageada deste ano. Em entrevista ao Correio do Povo, Hermila disse que sentiu “um misto de emoções” ao receber seu troféu. “Eu fiquei nervosa, eu chorei. Passou na minha cabeça toda a minha trajetória como atriz”, admite.

Thiago Lacerda recebeu o troféu Tuio Becker, dedicado a personalidades com forte ligação com o cinema gaúcho. No discurso durante a cerimônia, o ator carioca ressaltou a importância do investimento na cultura e nas universidades, e agradeceu pelo acolhimento da cidade: “voltar ao Rio Grande do Sul é sempre uma alegria, é um estado que me acolheu e foi acolhido por mim”.

Em entrevista ao Correio do Povo, Lacerda destacou a forte participação da Unisc e dos seus alunos na realização do evento. “Que esse festival e os próximos inspirem toda a comunidade local aqui da região”, deseja. “Que a Universidade produza bons profissionais para que o cinema brasileiro siga lindo, forte e pujante, como é essa colcha de culturas gigantes que é o Brasil”.

Thiago Lacerda recebeu o Troféu Tuio Becker | Foto: Luís Alexandre / Divulgação / CP

Diversidade e raízes

A curadoria do festival mostrou a preocupação de incluir histórias diversas e variadas na seleção, e a premiação tocou no mesmo ponto. “Ela Mora Logo Ali”, curta que mais levou troféus para casa, conta a história de uma senhora que enfrenta dificuldades e preconceitos por não ser alfabetizada. “Remendo”, por sua vez, trouxe inúmeros elementos de religiões de matrizes africanas. 

Victor Di Marco, diretor, roteirista e montador de “Rasgão”, produção gaúcha, ressaltou como o cinema pode ser uma oportunidade de visibilidade para a diversidade. “Existe muito artista com deficiência fazendo arte no Brasil”, destacou no seu discurso.

A relação dos realizadores com a cidade de Santa Cruz extrapolou qualquer barreira geográfica. Fred Luz, natural da cidade e formado pela Unisc, dirigiu “Buscapé”, um curta-metragem spin-off de “Cidade de Deus” (2002), um dos maiores clássicos do cinema brasileiro. Na trama, os personagens revisitam a comunidade do Rio de Janeiro retratada no longa - mesmo assim, Luz fez questão de relacionar a produção com a sua cidade natal.

“O que mais me deixa encantado é olhar para esse prêmio e enxergar que nesse prêmio tem muito do Fred, muito de mim, cinco anos de Unisc, tem muito de Santa Cruz”, disse, emocionado, ao receber o Troféu Tipuana de Melhor Montagem. “Eu espero que no futuro próximo esse troféu esteja provocando essa molecada a estar aqui no palco recebendo os próximos prêmios do festival”.

A mostra foi completamente gratuita e aberta ao público, chegando a receber quase 200 alunos de escolas públicas da região por noite. O auditório da Unisc permaneceu lotado durante toda a programação com uma plateia dedicada a prestigiar o cinema gaúcho e brasileiro de curta-metragem. “É tão legal estar perto de tanta gente talentosa que faz filme”, expressou Diego Tafarel, sócio-fundador da produtora Pé de Coelho Filmes e um dos organizadores do festival. “É para isso que esse festival existe: é pra gente se conhecer como pessoa, se conhecer como brasileiro”.

A equipe do Festival Santa Cruz de Cinema já está planejando as próximas edições. A partir de 2024, a mostra acontecerá no fim de maio, em oposto ao fim de outubro, para não coincidir com as comemorações da Oktoberfest. “A gente se deu conta de que a gente precisa de um mês só para o festival, para a Oktober ter o mês dela”, explicou Tafarel.

Diego Tafarel: “É para isso que esse festival existe: é pra gente se conhecer como pessoa, se conhecer como brasileiro” | Foto: Luís Alexandre / Divulgação / CP

Confira a relação completa dos vencedores do 6º Festival Santa Cruz de Cinema:

  • Melhor Filme: “Ela Mora Logo Ali”, de Rafael Rogante e Fabiano Barros;
  • Melhor Filme Gaúcho: “Rasgão”, de Victor Di Marco e Marcio Picoli;
  • Mostra Olhares Daqui: “Existe ou Resiste”, de Vitz Almeida;
  • Melhor Direção: “Pássaro Memória”, de Leonardo Martinelli;
  • Melhor Direção de Fotografia: “Pássaro Memória”, de Leonardo Martinelli;
  • Melhor Direção de Arte: “Coletânea de Histórias Extremamente Curtas”, de Pedro Fraga Villaça;
  • Melhor Atriz: Agrael de Jesus, por “Ela Mora Logo Ali”, de Rafael Rogante e Fabiano Barros;
  • Melhor Ator: Dan Ferreira, por “Deixa”, de Mariana Jaspe;
  • Melhor Roteiro: “Ernesto”, de Fernanda Roque;
  • Melhor Montagem: “Buscapé”, de Fred Luz;
  • Melhor Trilha Sonora: “Remendo”, de Roger Ghil;
  • Melhor Desenho de Som: “Sabão Líquido”, de Fernanda Reis e Gabriel Faccini;
  • Melhor Filme pelo Júri Popular: “Ela Mora Logo Ali”, de Rafael Rogante e Fabiano Barro

*Sob supervisão de Luiz Gonzaga Lopes 


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