Valter Lobo canta a alegria da tristeza em show inédito em Porto Alegre

Valter Lobo canta a alegria da tristeza em show inédito em Porto Alegre

Cantor português, em turnê pelo Brasil e Argentina, fez apresentação intimista e alegremente melancólica na noite deste sábado no Agulha

Jonathas Costa

Valter Lobo fez única apresentação no palco do Agulha e embalou os corações apaixonados e angustiados

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Acompanhar um show de Valter Lobo é como assistir a um filme. Mais do que isso, é como criá-lo. Cada qual à sua maneira e sob a ótica de suas angústias e vivências, produz suas cenas e enredos embalado pela trilha sonora que o cantor e compositor português traz ao palco.

O processo criativo não se restringe ao público. "Cansei. Fui cantando e imaginando... Também fico a pensar em coisas em minha cabeça", revela, ofegante, após apresentar Tenho Saudades, uma melodia sensível e ao mesmo tempo intensa, uma das marcas de seu trabalho.

Valter Lobo está em uma mini turnê pela América do Sul. Depois de São Paulo, chegou a Porto Alegre e trouxe 12 sucessos do disco "Mediterrâneo" e do recém lançado "Primeira Parte de Um Assalto" para o palco do Agulha, no Quarto Distrito, na noite deste sábado.

Para um público atento e intimamente conectado ao artista, se apresentou por pouco mais de 1h30min. Competiu com o som que se ouvia da vizinhança barulhenta e animada. "Ali tem uma festa. Se queres ser feliz, é só ir ali. Aqui é para ser triste", brincou acompanhado de seu violão, em um dos tantos momentos em que transformou a conversa com a plateia em um show à parte. "Vou a contar sobre a minha vida. É o momento mais divertido do show. O resto é só tristeza", avisou logo de início. E sob nenhum aspecto decepcionou. 

O contraste entre as cifras sobre o amor - e suas conexões bem ou mal sucedidas - com as histórias leves - e que ele relata de forma lúdica ao público - criam um ambiente acolhedor. É como se as angústias e decepções amorosas lembradas pelas canções fossem reconfortadas pelas risadas sinceras trazidas ao palco. O clima da apresentação lembra um jantar entre amigos em casa, onde cada qual conta seus dramas e depois todos riem de suas desgraças. 

Foto: Jonathas Costa / Especial / CP

"Não sou triste, sou melancólico", se define. Ex-advogado, já não se empenha em fazer divórcios, mas em criar novos relacionamentos. E se realiza ao receber do público o retorno de como seu trabalho foi a mola propulsora para o agir que faltava. "Não deixem para amanhã para fazer as coisas", pede após cantar "Guarde-me Essa Noite", cuja letra, repetida à capela pelo público ao fim dos acordes, diz: "Porque o tempo é um fio / Que pode romper hoje / Sem que nós vivêssemos demais / Exaltássemos demais sem receios / Como se soubesses que amanhã / Não há um amanhã tão certo".

O show encerrou com dois de seus sucessos, que extravasaram Portugal e o fizeram cruzar o Atlântico para esta primeira visita ao Brasil e Argentina: Oeste e Supernós. De Porto Alegre, parte para Buenos Aires e, após, vai ao Rio de Janeiro para a última apresentação antes de voltar à Europa. "Espero que tenham saído daqui mais inspirados", pediu ao final. E, de fato, saímos todos animadamente tristes, ou tristemente animados, a depender do enredo de cada filme ali criado.


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