Vanessa da Mata comemora lançamento de "Segue o Som"
Álbum da cantora está mais poético e textual
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Mais poética e textual do que nunca, a menina que nasceu capricorniana no dia 10 de fevereiro em Alto Garças, no Mato Grosso, está comemorando o lançamento de seu novo trabalho "Segue o Som", pela Sony Music Entertainment, e torna-se um dos fortes nomes na gangorra da MPB contemporânea, livre, leve e solta. Após interromper sua produção autoral para divulgar em julho do ano passado um disco em homenagem a Tom Jobim, a cantora Vanessa da Mata lançou no final do mesmo ano seu primeiro romance, "A Filha das Flores", pela Companhia das Letras. O livro traz a história de Giza, uma menina que vive numa cidade de interior com a família que cultiva e vende flores.
Em entrevista ao Correio do Povo, Vanessa conta que criou o livro em um ano e meio. "Quando eu começo a escrever não consigo parar. Realmente tive um despejo de ideias muito intenso", diz a degustadora de livros, como se autodenomina. "Leio e releio o livro que gosto", diz. A protagonista de "A Filha das flores" vive em um universo semelhante ao da infância da cantora em Alto Garças. Vanessa, no entanto, já revelou que sofreu muito quando criança. Perdeu um rim, teve toxoplasmose, febre reumática, cólicas renais absurdas. Seu melhor remédio para não entrar em depressão infantil era ler.
Sobre "Segue o Som", a própria escolha do nome não é algo hermético: "Na verdade eu não fico escravizada por ter o mesmo título do CD e de uma música", comenta, revelando que não acredita que o nome possa sintetizar o disco inteiro. "Segue o Som" é dinâmico, flui e não dispersa de seu ponto de partida: seguir o espaço-tempo e a linguagem. Dá para perceber o resultado do exercício das letras que Vanessa, ao escrever seu primeiro livro, exportou para a poesia do CD. "Gosto de escrever e falar uma história que pode se prolongar", pontua. "Escrevo coisas mais longas."
Depois do livro, a condução em palavras e uma escrita mais amadurecida permeiam o trabalho das letras junto às sonoridades do CD. "Não é o mesmo escrever letra de música do que livro", se posiciona. Lidar com o idioma e contar história mobilizou a artista. E sentencia: "É mais difícil escrever música do que escrever livro", referindo-se à exigência da métrica que orienta som e palavra. "Peco mais pelo exagero do assunto do que pela falta de texto", diz a leitora de Quintana a Garcia Marquez.