Vargas Llosa critica Putin e exalta democracia em discurso de ingresso na Academia Francesa

Vargas Llosa critica Putin e exalta democracia em discurso de ingresso na Academia Francesa

O escritor peruano, Prêmio Nobel de Literatura, fez declarações em cerimônia realizada nesta quinta-feira, dia 9

AFP

Mario Vargas Llosa ao lado do escritor francês Daniel Rondeau e do historiador Pascal Ory em cerimônia

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O escritor peruano Mario Vargas Llosa afirmou nesta quinta-feira, dia 9, à Academia Francesa que "o romance salvará a democracia" ou perecerá com ela, em seu discurso de ingresso na instituição, no qual criticou a "Rússia de Vladimir Putin".

"O romance salvará a democracia ou afundará com ela e desaparecerá", disse o Prêmio Nobel de Literatura de 86 anos (2010).

Ele afirmou que "países totalitários" só podem produzir romances que foram "mutilados" pela censura, citando "o exemplo da Rússia de Vladimir Putin".

"Vemos como ele ataca a infeliz Ucrânia e como se surpreende quando esta nação resiste, apesar de sua superioridade militar, de suas bombas atômicas e de suas enormes tropas", acrescentou.

Seu discurso de posse, na presença de acadêmicos e do rei emérito espanhol Juan Carlos I, foi ao mesmo tempo um inflamado elogio à cultura francesa.

Mario Vargas Llosa foi eleito em novembro de 2021 como membro da Academia fundada pelo cardeal Richelieu em 1635. É o primeiro escritor em língua não francesa a ingressar na instituição.

Ele lembrou que quando estudava em Lima, "desejava secretamente me tornar um escritor francês. Estava convencido de que era impossível ser escritor no Peru, um país sem editoras e com poucas livrarias", acrescentou.

"Militei por um ano no partido comunista peruano. Acredito que os existencialistas franceses (...) me salvaram do stalinismo", disse.

Ao chegar a Paris em 1959, garantiu Vargas Llosa, se surpreendeu ao descobrir que na "capital cultural do mundo" autores como o mexicano Octavio Paz eram lidos há muito tempo.

"Foi, portanto, graças à França que descobri outra América Latina", disse.

Jovem escritor e jornalista em formação, Vargas Llosa comprou um exemplar de "Madame Bovary" de Gustave Flaubert assim que chegou à capital francesa.

Trabalhou como tradutor, como professor de línguas, e também "na Agence France Presse, na Place de la Bourse", recordou o autor de "La fiesta del chivo".

"Foi em Paris que me tornei escritor", acrescentou. "Sem Flaubert eu nunca teria sido o escritor que sou, nem teria escrito o que escrevi. Graças a ele vocês me recebem hoje", reconheceu.

A "instalação" pública do autor, como é conhecida no jargão da Academia, contou com um convidado excepcional: o rei emérito espanhol Juan Carlos I.

Nomeado marquês por Juan Carlos I em 2011, o escritor convidou pessoalmente o ex-monarca, que mora nos Emirados Árabes Unidos. Desde 2020, Juan Carlos I deixou os Emirados, oficialmente, em algumas poucas ocasiões. A última delas foi durante o funeral do ex-rei grego Constantino II, em 16 de janeiro.


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