Via Ápia, a estrada romana candidata a Patrimônio da Humanidade

Via Ápia, a estrada romana candidata a Patrimônio da Humanidade

Construída em 312 a.C., a estrada foi concebida para fins comerciais e militares, tornando-se em um testemunho único de mais de 2.000 anos de história

AFP

Estátua romana de mármore em tamanho real em Roma, sua descoberta foi feita na colina do Parco Scott, parte integrante do parque Appia Antica em Roma

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Todos os caminhos levam a Roma, como diz o ditado, e o mais prestigioso é a Via Ápia, a estrada estratégica do Império Romano que aspira ser designada um Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 

Construída em 312 a.C. por Claudio Appio, o Cego, censor e cônsul romano, a estrada foi concebida para fins comerciais e militares e, ao longo dos séculos, transformou-se em um testemunho único de mais de 2.000 anos de história.

Há dois anos, um grupo de especialistas e arqueólogos iniciou os trabalhos para localizar parte do primeiro quilômetro e meio da Via Ápia, a cerca de 8 metros de profundidade. São escavações e descobertas feitas em frente às imponentes Termas de Caracala, consideradas, segundo diversos estudos, o início da histórica estrada. 

- Escavações científicas -

Nesta semana, os arqueólogos mostraram uma série de objetos de diferentes épocas encontrados nesse ponto, incluindo um busto de mármore do século II d.C. e uma estranha moeda quadrada papal, cunhada entre os anos 690 e 730. 

Também encontraram fragmentos de vidro e cerâmicas, restos de uma ânfora, mosaicos, que revelam os vários períodos da história de Roma. 

“O que vemos hoje é o resultado de uma escavação que começou com o objetivo de encontrar pistas sobre a localização do primeiro trecho da Via Ápia”, explicou o arqueólogo Riccardo Santangeli Valenzani.

O primeiro trecho da estrada, o mais antigo, “é o que apresenta mais problemas para determinar sua localização exata”, afirmou o professor da Universidade Roma Tre.

A construção da Via Ápia exigiu considerável conhecimento de engenharia para o nivelamento do terreno, a criação de valas e canais, bem como sua pavimentação, com enormes lajes de pedra, além de postos de correios e hospedarias para abrigar os soldados e os comerciantes que se dirigiam para o sul. 

A estrada, que garantia a saída para o Oriente Médio e chegava a Brindisi, o mais importante porto do império no Mediterrâneo, conserva em seu primeiro trecho monumentos portentosos como o túmulo de Cecília Metela, do século I a.C., catacumbas, mausoléus e vilas. 

A história da "Appia Regina Viarum", a chamada "rainha" das ferrovias, que atravessa várias regiões do centro e do sul da Itália (Lazio, Campania, Basilicata e Puglia) – mais de 500 quilômetros no total –, é, na verdade, uma viagem ao passado.

Com seus monumentos arqueológicos, a Via narra a grandeza e a queda do Império Romano, mas também a vida na Idade Média, com seus templos e criptas, e até a do século XX, com as mansões de divas do cinema, como a da recém-falecida Gina Lollobrigida e a do bilionário Silvio Berlusconi. 

Esses estudos são apenas parte da documentação para que a "Via Appia Antica" seja declarada Patrimônio da Humanidade pela agência das Nações Unidas em 2024.

A Itália, que apresentou oficialmente a candidatura da Via Ápia à Unesco, já conta com 58 sítios incluídos nesta prestigiada lista e é o país com o maior número de lugares considerados de valor excecional.


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